ENTREVISTAS
Rui Reininho
Telegrafia pop
· 01 Jul 2009 · 00:55 ·
Porque é que demorou tanto tempo este primeiro disco a solo? Foi preciso reunir muita coragem ou foi só uma questão de oportunidade?
Em termos absolutos, um ano não é muito para executar uma ideia fixa como a Companhia das Índias. Foi preciso reunir a sintonia de pessoas com quem criar.
Li algures que este disco é o seu retrato. É mesmo? Foi complicado pintá-lo?
Li algures que é um disco um bocadinho desequilibrado, como eu…
Este disco nunca poderia ter a assinatura dos GNR? É demasiado seu para que isso pudesse acontecer?
Sim, desde o conceito, à escolha dos temas, capa e cor, foi orgulhosamente só.
Encontrar as pessoas certas para este disco, o A Companhia das Índias foi fácil? Não corria o risco de tornar este disco pouco seu?
A partir de um anterior acto com o Armando Teixeira, mesmo as coisas mais complicadas se tornaram óbvias.
Quais foram as Descobertas desta Companhia das Índias? O que é que descobriu neste processo que ainda não sabia?
Já sabia que o processo de aprendizagem não deve parar em vida. Redescobri o prazer de ouvir várias vozes em simultâneo, sem pressões nem encomendas.
Quanta liberdade foi dada aos convidados para chegarem a este Companhia das Índias? Como é que foi o processo de escrita deste álbum?
Creio que os (e a) convivas chegaram como a uma festa, com um presentinho que acharam adequado. Houve entregar por e-mail, presenciais e telegramas.
Como é que o “Bem Bom” acaba por aparecer neste disco? Acha que esta canção tinha matéria-prima para algo mais e quis-lhe dar nova roupagem ou, antes pelo, contrário, é uma homenagem a uma canção que realmente gosta de verdade?
O “Bem Bom” resulta de um ensaio em que se glosava um género e se tentou impregná-lo de outros; a simplicidade dos temas é por vezes a sua maior complexidade.
Companhia das Índias, o título deste disco, tem algum significado especial que queira partilhar neste momento? Acha que resume na perfeição esta viagem?
É uma excelente companhia, quase uma trupe. Ainda hoje – de manhã – ouvi o disco todo, à antiga. Pena não ser vinil…
Qual é a especiaria mais presente neste disco? Talvez a pimenta?
Na língua, o incenso no ar e o chá, a arrefecer enquanto espero por alguém. E os vinhos, claros, de todas as cores e lugares. Mais o ópio do povo.
O João Gobern disse que este é um “murro no estômago” que é, afinal, um gesto do seu carinho tímido. Em que é que ficamos? Ou é tudo a mesma coisa?
As massagens são por vezes um pouquinho violentas, quando não excessivas. Não deixam de ser agradáveis.
Gostou desta experiência o suficiente para a voltar a repetir no futuro?
O futuro é irrepetível, como o passado. Só existe o hoje, porventura um amanhã.
Nas mãos de quem deve ser deixado o pop-rock português? Acha que “ele” anda a ser bem tratado nos dias que correm?
É um género que se conquista; a única diferença entre as ligeiras e as pesadas é que as últimas vivem-se e pagam-se, sem hipocrisias e sorrisinhos simpatiquecos. Deve ser como no amor.
Acha que a música portuguesa precisa de quotas para se impor? Acha que deve ou pode ser cantada em português? Este tipo de questões interessam-lhe? Acha que são o cerne da questão?
Não se gosta de música às postas nem às meias doses. Porque não também uma literatura portuguesa em inglês? Cherne, that’s da question.
Não resisto a esta pergunta, para fechar, como é que analisa o estado da cidade do Porto neste momento, o acordar da baixa, a cultura ou a falta dela? Pensa apoiar algum dos candidatos ainda que de forma oficiosa?
Sou um exilado da baixa desde que a capital da cultura se tem vindo a descaracterizar e desertificar; sem gente, os “projectos” não passam disso mesmo, por muito modernaços que aparentem ser.
André GomesEm termos absolutos, um ano não é muito para executar uma ideia fixa como a Companhia das Índias. Foi preciso reunir a sintonia de pessoas com quem criar.
Li algures que este disco é o seu retrato. É mesmo? Foi complicado pintá-lo?
Li algures que é um disco um bocadinho desequilibrado, como eu…
Este disco nunca poderia ter a assinatura dos GNR? É demasiado seu para que isso pudesse acontecer?
Sim, desde o conceito, à escolha dos temas, capa e cor, foi orgulhosamente só.
Encontrar as pessoas certas para este disco, o A Companhia das Índias foi fácil? Não corria o risco de tornar este disco pouco seu?
A partir de um anterior acto com o Armando Teixeira, mesmo as coisas mais complicadas se tornaram óbvias.
Quais foram as Descobertas desta Companhia das Índias? O que é que descobriu neste processo que ainda não sabia?
Já sabia que o processo de aprendizagem não deve parar em vida. Redescobri o prazer de ouvir várias vozes em simultâneo, sem pressões nem encomendas.
Quanta liberdade foi dada aos convidados para chegarem a este Companhia das Índias? Como é que foi o processo de escrita deste álbum?
Creio que os (e a) convivas chegaram como a uma festa, com um presentinho que acharam adequado. Houve entregar por e-mail, presenciais e telegramas.
Como é que o “Bem Bom” acaba por aparecer neste disco? Acha que esta canção tinha matéria-prima para algo mais e quis-lhe dar nova roupagem ou, antes pelo, contrário, é uma homenagem a uma canção que realmente gosta de verdade?
O “Bem Bom” resulta de um ensaio em que se glosava um género e se tentou impregná-lo de outros; a simplicidade dos temas é por vezes a sua maior complexidade.
Companhia das Índias, o título deste disco, tem algum significado especial que queira partilhar neste momento? Acha que resume na perfeição esta viagem?
É uma excelente companhia, quase uma trupe. Ainda hoje – de manhã – ouvi o disco todo, à antiga. Pena não ser vinil…
Qual é a especiaria mais presente neste disco? Talvez a pimenta?
Na língua, o incenso no ar e o chá, a arrefecer enquanto espero por alguém. E os vinhos, claros, de todas as cores e lugares. Mais o ópio do povo.
O João Gobern disse que este é um “murro no estômago” que é, afinal, um gesto do seu carinho tímido. Em que é que ficamos? Ou é tudo a mesma coisa?
As massagens são por vezes um pouquinho violentas, quando não excessivas. Não deixam de ser agradáveis.
Gostou desta experiência o suficiente para a voltar a repetir no futuro?
O futuro é irrepetível, como o passado. Só existe o hoje, porventura um amanhã.
Nas mãos de quem deve ser deixado o pop-rock português? Acha que “ele” anda a ser bem tratado nos dias que correm?
É um género que se conquista; a única diferença entre as ligeiras e as pesadas é que as últimas vivem-se e pagam-se, sem hipocrisias e sorrisinhos simpatiquecos. Deve ser como no amor.
Acha que a música portuguesa precisa de quotas para se impor? Acha que deve ou pode ser cantada em português? Este tipo de questões interessam-lhe? Acha que são o cerne da questão?
Não se gosta de música às postas nem às meias doses. Porque não também uma literatura portuguesa em inglês? Cherne, that’s da question.
Não resisto a esta pergunta, para fechar, como é que analisa o estado da cidade do Porto neste momento, o acordar da baixa, a cultura ou a falta dela? Pensa apoiar algum dos candidatos ainda que de forma oficiosa?
Sou um exilado da baixa desde que a capital da cultura se tem vindo a descaracterizar e desertificar; sem gente, os “projectos” não passam disso mesmo, por muito modernaços que aparentem ser.
andregomes@bodyspace.net
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