ENTREVISTAS
Thérèse
Um passo em frente
· 23 Mai 2007 · 08:00 ·
Dizes que levas uns anos a tocar com distintos grupos, distintos tipos de música. Podes fazer-nos um resumo desses anos?
Pois não sei. Ao princÃpio juntava-me simplesmente com amigos, a tocar versões e coisas assim. Depois entrei com cantora numa grupo chamado SisterRay, que não me encantava especialmente, mas servia-me de escape. Depois entrei noutra banda chamada Método Milton, com a qual estive dois anos, também como cantora. O mal é que, apesar de cantar, não trazia nada ao grupo, e por isso acabei, acabamos, bastante fartos. Eles formaram posteriormente os Dei Suoni, com quem colaboro de vez em quando com o acordeão. É um grupo fantástico. Bem, como ia dizendo… Depois disso passei uns anos muito maus a nÃvel pessoal e deixei de tocar. Quando saà daquilo e comecei a colaborar com uma banda chamada Yosephine, tocando teclados e flauta transversal, e a cantar. Muito boa gente; passei bons tempos. Quando aquilo acabou estive um tempo a tocar flauta com um grupo de flamenco, e depois baixo num projecto que fiz com um amigo, que ficou nisso, um projecto. Assim, depois de tanta colaboração, sem chegar a nada (no sentido de me sentir realizada como música, de sentir que estivesse a fazer algo genuÃno, e próprio, e libertador), e depois de conhecer o meu namorado, que me deu a coragem e a auto estima que necessitava, decidi criar Thérèse.
Sei que te agrada muito o teu ukelele. O que é que nos podes contar sobre isso?
Descobri-o no verão passado, nos Estados Unidos. Uma amiga, Dilly Dilly, toca-o, e vi-a ao vivo, e soube de imediato que queria tocar aquilo. De modos que comprei um, e trouxe-o para Espanha.
E agora como te sentes com Thérèse, o teu projecto a solo? É realmente o veÃculo musical que sempre quiseste ter?
Sim.
Que nomes ou bandas influenciaram directamente este teu projecto? Agora que ouves o que gravaste, o que é que te parece?
Dilly Dilly, Cerberus Shoal, Chriss Sutherland, Big Blood, Qualude, George Cariño… e de certeza que alguns mais. Além de toda a música que fui ouvindo desde sempre. Sobre o que gravei, bem, gosto, mas o que estou a fazer agora novo é bastante distinto, de modos que estou um bocado a meias.
Preferes cantar em inglês ou em castelhano? Como decides que idioma vai ter uma canção?
Levo toda a vida a cantar em inglês, mas, depois da insistência de um amigo, e do Chriss, o meu namorado, comecei a tentar em castelhano, e é outro mundo, é algo maravilhoso; é estupendo poderes expressar-te no teu próprio idioma, e, ainda por cima, que gostes das canções. Agora é para mim francamente difÃcil voltar ao de antes, sinto-me até um pouco ridÃcula.
Tens planos de publicar algum disco como Thérèse no futuro?
Claro.
Acho que não estou a dizer nenhuma mentira quando digo que não há muita música experimental em Espanha, com excepção de Barcelona, onde parece haver uma certa comunidade de música experimental. Como vês Espanha nesse aspecto?
Acho que há mais do que a que vemos, ainda que seja difÃcil dar a conhecer-se. Acho que o myspace está a ajudar bastante nesse sentido. O que é mais difÃcil é sair da rede, e que outras pessoas de carne e osso gostem.
Sentes-te de alguma forma como um alien fazendo a música que fazes como Thérèse em Espanha?
Eu gosto disso. Gosto de sentir-me diferente, ainda que no fundo não seja tão assim tanto.
Como é viver em Alicante?
Está bem. Uma cidade de tamanho médio, onde é fácil viver. O mal é que te faz cómodo, de carácter tropical, como dizem alguns. Não sei, durante uns tempos desejava ir-me; agora não tenho bem a certeza. Creio que me sentiria igual em qualquer outro lado. Mesmo assim vivo aqui desde toda a vida, e uma pequena mudança não me faria mal nenhum.
É fácil encontrar sÃtios para tocar em Espanha ou, pela tua experiência pessoal, achas que tudo se resume a Madrid e Barcelona para gente que faz música similar à tua?
Fácil não é. Mas acredito que se realmente queres tocar, acabas por conseguir.
O que é que nos podes dizer acerca do nome que escolheste para o teu projecto? Que história está por detrás de Thérèse?
Tinha três canções gravadas, e os meus amigos disseram-me que fizesse um Myspace, que “todo o mundo tinha umâ€. Fiz um, e quando tive que pensar num nome, lembrei-me desse quadro, e de como simbolizava o momento pessoal em que me encontrava, de mistura de extremos, de ponto intermédio, de entrada numa nova concepção de tudo. Pensei que era uma boa ideia.
Como surgiu a tua colaboração com o Chriss Sutherland? O que é que aprendeste com ele?
Conheci-o quando ele tocou em Alicante com os Cerberus Shoal, em Maio de 2005. A partir daà cometamos uma relação que dura já dois anos. Ele acaba de estar aqui por um perÃodo de cinco meses, e decidimos fazer uma série de concertos juntos. Com ele aprendi que ser músico é simplesmente fazer música, e desfrutar com isso, e sentir que não serias tu se não o fizesses. Podes estar a tocar em tua casa, ou num parque. Tudo vale enquanto sejas tu quem decide, quem o sinta. Ele deu-me a energia que necessitava, e o apoio.
Estiveste em Aveiro e no Porto recentemente para dois concertos. Como te pareceram as cidades e Portugal em geral?
Pareceram-me maravilhosas, e as pessoas incrÃveis, muito hospitaleiras, e amáveis. Foi um prazer, na verdade.
O que é que tens a dizer acerca “Bocinazosâ€, o relato que inspirou a canção "Mixturas"?
A princÃpio fala de distintas formas de começar uma relação. No fundo é, simplesmente, uma única história de amor, de um amor intenso, puro, primário, mas incompleto e frustrante, tanto pela unidireccionalidade (no caso do conto), tanto pela distância (no caso da canção); daà que te aferres aos poucos momentos que contribuiram para fazê-lo teu de algum modo, e assim sentir que tem sentido e que é real, e que não te estás a tornar louca.
André GomesPois não sei. Ao princÃpio juntava-me simplesmente com amigos, a tocar versões e coisas assim. Depois entrei com cantora numa grupo chamado SisterRay, que não me encantava especialmente, mas servia-me de escape. Depois entrei noutra banda chamada Método Milton, com a qual estive dois anos, também como cantora. O mal é que, apesar de cantar, não trazia nada ao grupo, e por isso acabei, acabamos, bastante fartos. Eles formaram posteriormente os Dei Suoni, com quem colaboro de vez em quando com o acordeão. É um grupo fantástico. Bem, como ia dizendo… Depois disso passei uns anos muito maus a nÃvel pessoal e deixei de tocar. Quando saà daquilo e comecei a colaborar com uma banda chamada Yosephine, tocando teclados e flauta transversal, e a cantar. Muito boa gente; passei bons tempos. Quando aquilo acabou estive um tempo a tocar flauta com um grupo de flamenco, e depois baixo num projecto que fiz com um amigo, que ficou nisso, um projecto. Assim, depois de tanta colaboração, sem chegar a nada (no sentido de me sentir realizada como música, de sentir que estivesse a fazer algo genuÃno, e próprio, e libertador), e depois de conhecer o meu namorado, que me deu a coragem e a auto estima que necessitava, decidi criar Thérèse.
Sei que te agrada muito o teu ukelele. O que é que nos podes contar sobre isso?
Descobri-o no verão passado, nos Estados Unidos. Uma amiga, Dilly Dilly, toca-o, e vi-a ao vivo, e soube de imediato que queria tocar aquilo. De modos que comprei um, e trouxe-o para Espanha.
E agora como te sentes com Thérèse, o teu projecto a solo? É realmente o veÃculo musical que sempre quiseste ter?
Sim.
Que nomes ou bandas influenciaram directamente este teu projecto? Agora que ouves o que gravaste, o que é que te parece?
Dilly Dilly, Cerberus Shoal, Chriss Sutherland, Big Blood, Qualude, George Cariño… e de certeza que alguns mais. Além de toda a música que fui ouvindo desde sempre. Sobre o que gravei, bem, gosto, mas o que estou a fazer agora novo é bastante distinto, de modos que estou um bocado a meias.
Preferes cantar em inglês ou em castelhano? Como decides que idioma vai ter uma canção?
Levo toda a vida a cantar em inglês, mas, depois da insistência de um amigo, e do Chriss, o meu namorado, comecei a tentar em castelhano, e é outro mundo, é algo maravilhoso; é estupendo poderes expressar-te no teu próprio idioma, e, ainda por cima, que gostes das canções. Agora é para mim francamente difÃcil voltar ao de antes, sinto-me até um pouco ridÃcula.
Tens planos de publicar algum disco como Thérèse no futuro?
Claro.
Acho que não estou a dizer nenhuma mentira quando digo que não há muita música experimental em Espanha, com excepção de Barcelona, onde parece haver uma certa comunidade de música experimental. Como vês Espanha nesse aspecto?
Acho que há mais do que a que vemos, ainda que seja difÃcil dar a conhecer-se. Acho que o myspace está a ajudar bastante nesse sentido. O que é mais difÃcil é sair da rede, e que outras pessoas de carne e osso gostem.
Sentes-te de alguma forma como um alien fazendo a música que fazes como Thérèse em Espanha?
Eu gosto disso. Gosto de sentir-me diferente, ainda que no fundo não seja tão assim tanto.
Como é viver em Alicante?
Está bem. Uma cidade de tamanho médio, onde é fácil viver. O mal é que te faz cómodo, de carácter tropical, como dizem alguns. Não sei, durante uns tempos desejava ir-me; agora não tenho bem a certeza. Creio que me sentiria igual em qualquer outro lado. Mesmo assim vivo aqui desde toda a vida, e uma pequena mudança não me faria mal nenhum.
É fácil encontrar sÃtios para tocar em Espanha ou, pela tua experiência pessoal, achas que tudo se resume a Madrid e Barcelona para gente que faz música similar à tua?
Fácil não é. Mas acredito que se realmente queres tocar, acabas por conseguir.
O que é que nos podes dizer acerca do nome que escolheste para o teu projecto? Que história está por detrás de Thérèse?
Tinha três canções gravadas, e os meus amigos disseram-me que fizesse um Myspace, que “todo o mundo tinha umâ€. Fiz um, e quando tive que pensar num nome, lembrei-me desse quadro, e de como simbolizava o momento pessoal em que me encontrava, de mistura de extremos, de ponto intermédio, de entrada numa nova concepção de tudo. Pensei que era uma boa ideia.
Como surgiu a tua colaboração com o Chriss Sutherland? O que é que aprendeste com ele?
Conheci-o quando ele tocou em Alicante com os Cerberus Shoal, em Maio de 2005. A partir daà cometamos uma relação que dura já dois anos. Ele acaba de estar aqui por um perÃodo de cinco meses, e decidimos fazer uma série de concertos juntos. Com ele aprendi que ser músico é simplesmente fazer música, e desfrutar com isso, e sentir que não serias tu se não o fizesses. Podes estar a tocar em tua casa, ou num parque. Tudo vale enquanto sejas tu quem decide, quem o sinta. Ele deu-me a energia que necessitava, e o apoio.
Estiveste em Aveiro e no Porto recentemente para dois concertos. Como te pareceram as cidades e Portugal em geral?
Pareceram-me maravilhosas, e as pessoas incrÃveis, muito hospitaleiras, e amáveis. Foi um prazer, na verdade.
O que é que tens a dizer acerca “Bocinazosâ€, o relato que inspirou a canção "Mixturas"?
A princÃpio fala de distintas formas de começar uma relação. No fundo é, simplesmente, uma única história de amor, de um amor intenso, puro, primário, mas incompleto e frustrante, tanto pela unidireccionalidade (no caso do conto), tanto pela distância (no caso da canção); daà que te aferres aos poucos momentos que contribuiram para fazê-lo teu de algum modo, e assim sentir que tem sentido e que é real, e que não te estás a tornar louca.
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