DISCOS
Tussle
Telescopic Mind
· 25 Abr 2007 · 08:00 ·
Tussle
Telescopic Mind
2006
Smalltown Supersound / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Tussle
- Smalltown Supersound
- AnAnAnA
Telescopic Mind
2006
Smalltown Supersound / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Tussle
- Smalltown Supersound
- AnAnAnA
Tussle
Telescopic Mind
2006
Smalltown Supersound / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Tussle
- Smalltown Supersound
- AnAnAnA
Telescopic Mind
2006
Smalltown Supersound / AnAnAnA
Sítios oficiais:
- Tussle
- Smalltown Supersound
- AnAnAnA
Portentosa arca de incisivos dispositivos rítmicos esquiva-se à deterioração imposta pelo tempo com o evitar de palavreado.
O rock avulsamente rítmico adquire uma mais favorável intemporalidade quando se restringe à componente instrumental. Independentemente da piada que se lhe possa achar actualmente, Daft Punk Is Playing at my House é um slogan de pândega, e single com o mesmo nome, que ficará para sempre associado ao apogeu mediático da turma DFA (liderada pelos LCD Soundsystem que o assinaram) e ao merecido culto obsessivo votado aos Daft Punk. Como todo os slogans, fica datado em pouco tempo. Do mesmo modo que as menções feitas pelos !!! ao mayor nova-iorquino Giuliani soarão a apontamentos de época daqui a dez anos, se tanto. Para que não cesse de oscilar a zona pélvica ao longo dos anos, o melhor mesmo é projectar a celebração de forma vanguardista, tal como o fez Prince em “1999”, ou simplesmente restringir o fluir musical aos sons que emitem os instrumentos (inclusive os digitais). Silenciado de quaisquer discursos contemporâneos, Telescopic Mind passa a ser uma preciosidade feita à medida dos momentos de euforia em que a linguagem corporal domina a situação que pudesse até aí ser controlada pela razão mais verbal.
A razão de ser de Telescopic Mind fixa-se, com missionária convicção, numa digressão alucinante por ritmos polimórficos, armadilhados como provocações carnais, que não desrespeitam ou desiludem o ouvido que, durante o activo, já tenha convivido com a sua dose de estímulos sensoriais. No sentido de evitar a repetição, os Tussle tratam de actualizar com sofisticação as paragens que revisitam - cumprindo escala na Machester mais anónima - aquela que só muito superficialmente foi citada no tomo dedicado ao pós-punk Rip It Up and Start Again -, ou requisitando a sabedoria vintage de dois membros dos Liquid Liquid, Sal Principato e Dennis Young, para verter sobre um efusivo “Pow!” as capacidades mais persuassoras da repetição tal como escutado à no-wave. Além disso, diversificando a sucessão das coisas com incursões por um kraut assumido - ou tanto como era quando encontrava Joachim Roedelius imerso em processos experimentais, contudo tão cativantes quanto as duas partes de "Cloud Melodie" aqui surgidas.
Isto sem sequer acusarem os Tussle qualquer insegurança ou efeito regressivo com a saída amigável do baixista original Andy Abic, entretanto definitivamente instalados nos Vetiver que contam com a bênção de Devendra Banhart. Apesar de nem carecer de compensação esse abandono, frise-se o pico de forma que atravessa Alexis Georgopoulos, baterista entretanto destacado para a função de baixista, que abrilhanta uma “Warning” feita da mais viciante fibra e sustentada por um baixo com capacidades garantidas de absorção e com tudo para voltar a despertar as glândulas salivares de quem tinha em Isolée a referência no tratamento minimalista das linhas de baixo de diamante.
O pinball só merece o título de mais sexy jogo do mundo pelo rumo incerto que toma a esfera de metal quando sai dos bumpers (geralmente agrupados aos três) e pelos movimentos de anca que assume a anca na tentativa de controlar o jogo. E assim soam o cowbell e outros metais semelhantes nas mãos dos Tussle: como agentes febris que, por impossível antecipação do rumo que vêem a percorrer, tornam mais irrequieto e destabilizador o groove pornográfico de pérolas como “Flicker / 33.3” ou “Trappings” (que, uma vez mais, se denuncia no título). Telescope Mind prostitui tão imediatamente o corpo de que se apodera, que quase merece ver esse serviço ser qualificado com três onomatopeias exclamativas. Ptuntz, ptuntz, ptuntz remedeia o caso.
Miguel ArsénioA razão de ser de Telescopic Mind fixa-se, com missionária convicção, numa digressão alucinante por ritmos polimórficos, armadilhados como provocações carnais, que não desrespeitam ou desiludem o ouvido que, durante o activo, já tenha convivido com a sua dose de estímulos sensoriais. No sentido de evitar a repetição, os Tussle tratam de actualizar com sofisticação as paragens que revisitam - cumprindo escala na Machester mais anónima - aquela que só muito superficialmente foi citada no tomo dedicado ao pós-punk Rip It Up and Start Again -, ou requisitando a sabedoria vintage de dois membros dos Liquid Liquid, Sal Principato e Dennis Young, para verter sobre um efusivo “Pow!” as capacidades mais persuassoras da repetição tal como escutado à no-wave. Além disso, diversificando a sucessão das coisas com incursões por um kraut assumido - ou tanto como era quando encontrava Joachim Roedelius imerso em processos experimentais, contudo tão cativantes quanto as duas partes de "Cloud Melodie" aqui surgidas.
Isto sem sequer acusarem os Tussle qualquer insegurança ou efeito regressivo com a saída amigável do baixista original Andy Abic, entretanto definitivamente instalados nos Vetiver que contam com a bênção de Devendra Banhart. Apesar de nem carecer de compensação esse abandono, frise-se o pico de forma que atravessa Alexis Georgopoulos, baterista entretanto destacado para a função de baixista, que abrilhanta uma “Warning” feita da mais viciante fibra e sustentada por um baixo com capacidades garantidas de absorção e com tudo para voltar a despertar as glândulas salivares de quem tinha em Isolée a referência no tratamento minimalista das linhas de baixo de diamante.
O pinball só merece o título de mais sexy jogo do mundo pelo rumo incerto que toma a esfera de metal quando sai dos bumpers (geralmente agrupados aos três) e pelos movimentos de anca que assume a anca na tentativa de controlar o jogo. E assim soam o cowbell e outros metais semelhantes nas mãos dos Tussle: como agentes febris que, por impossível antecipação do rumo que vêem a percorrer, tornam mais irrequieto e destabilizador o groove pornográfico de pérolas como “Flicker / 33.3” ou “Trappings” (que, uma vez mais, se denuncia no título). Telescope Mind prostitui tão imediatamente o corpo de que se apodera, que quase merece ver esse serviço ser qualificado com três onomatopeias exclamativas. Ptuntz, ptuntz, ptuntz remedeia o caso.
migarsenio@yahoo.com
RELACIONADO / Tussle