DISCOS
Chris Brokaw
Incredible Love
· 11 Mai 2006 · 08:00 ·

Chris Brokaw
Incredible Love
2005
Acuarela / Pop Stock!
Sítios oficiais:
- Chris Brokaw
- Acuarela
- Pop Stock!
Incredible Love
2005
Acuarela / Pop Stock!
Sítios oficiais:
- Chris Brokaw
- Acuarela
- Pop Stock!

Chris Brokaw
Incredible Love
2005
Acuarela / Pop Stock!
Sítios oficiais:
- Chris Brokaw
- Acuarela
- Pop Stock!
Incredible Love
2005
Acuarela / Pop Stock!
Sítios oficiais:
- Chris Brokaw
- Acuarela
- Pop Stock!
Mais do que estabelecer de imediato o que é Incredible Love, importa esclarecer desde já o que não chegou a ser. Podia ser um memorável tratado de songwriting aperfeiçoado em conformidade com o andamento de expedição norte-americana, mas cumpre apenas os requisitos mínimos da sua vocação passageira. Podia ombrear com a grandeza despretensiosa de Zuma, do mestre Neil Young, porém resulta no meio-termo que representa American Stars ‘N Bars (o que não é necessariamente inglório). Responde por Nicolas Cage quando a agenda de Tom Cruise já está lotada. Simpático, simpático e, todavia, simpático. Em termos qualitativos, o quarto disco de Chris Brokaw é uma espécie de representação musical do lusco-fusco que tem por medida a tradicional e inclusiva Americana. Ou seja, um disco que Howe Gelb seria capaz de palitar aos dentes.
Aquele que um dia tornava a rotina num ritual narcoléptico sentado à bateria dos Codeine, abraçou, ao quarto disco, as capacidades milagrosas da pop, rompeu com a divagação instintiva de Red Cities e decidiu-se por compor um disco que contrariasse a inércia generalizada face à guerra . Ou assim era na altura em que Chris Brokaw se entregou a Incredible Love - título inspirado pelo tema dos Suicide que o ex-Codeine trata de aligeirar numa versão prenhe de distorção domesticada para massas. Contrariamente ao que se possa pensar, a presença manifesta do pretexto político não se esforça por dar nas vistas. Ou, se assim acontece, é pela via da celebração dos bens internos norte-americanos, em jeito de oposição a conquistas externas.
Brokaw alinha as suas canções como se relatadas a partir de um atrelado que, fazia parte de uma feira excursionista, e que foi abandonado num ermo onde a transparência de sentimentos actua como bússola. Descobre o caminho de regresso a casa por meio de canções para t(r)ocar entre amigos. Para se perceber o que falha então a um disco equitativamente eléctrico e acústico, basta a escuta de um par de faixas que deixam bem visíveis as fragilidades que impedem Brokaw de ser um músico de topo. Num tom profético, “X’s for Eyes” vem a revelar o podemos um dia vir a escutar aos New Amsterdams em período de plena maturidade. Até aí tudo bem. Quando, num delicado tom cronista, Brokaw profere The war ended in Chicago / They were fighting somewhere else, é natural estabelecer a associação ao escritor de canções que revalidou a coolness a um conhecimento histórico enciclopédico descomplexadamente partilhado. Pode, em todo o caso, Brokaw poupar-se ao desinteresse generalizado que sobre um disco seu se abateria se arriscasse o épico de 74 minutos. A simpatia que se descobre a estes postais rock tem um valor quase casual e o prazo médio de 3 minutos de atenção condenada a ruir.
Na verdade, Incredible Love garante a Chris Brokaw um frágil benefício da dúvida que, na melhor das hipóteses, orientará as escutas até a discos anteriores e cultive alguma curiosidade face ao que a sua carreira possa ter para oferecer. A favor disso insurge-se o momento alto “Move”, convidativamente solarengo e convincente ao ponto de poder ser tomado como um out-take mais folclórico de New Adventures in Hi Fi, subestimado disco dos R.E.M..É esse o pico que lhe vale a reconsideração. Em nome do meu polegar e indicador, peço desde já desculpa ao split que partilhavam Chris Brokaw e os espanhóis Viva Las Vegas, que vezes sem conta ignorou a mão que agora tecla ao percorrer as fileiras intermináveis de discos em promoção numa loja que reservo à incógnita. Contudo, parece-me definitivo o parecer que estabelece Incredible Love como um disco meramente simpático.
Miguel ArsénioAquele que um dia tornava a rotina num ritual narcoléptico sentado à bateria dos Codeine, abraçou, ao quarto disco, as capacidades milagrosas da pop, rompeu com a divagação instintiva de Red Cities e decidiu-se por compor um disco que contrariasse a inércia generalizada face à guerra . Ou assim era na altura em que Chris Brokaw se entregou a Incredible Love - título inspirado pelo tema dos Suicide que o ex-Codeine trata de aligeirar numa versão prenhe de distorção domesticada para massas. Contrariamente ao que se possa pensar, a presença manifesta do pretexto político não se esforça por dar nas vistas. Ou, se assim acontece, é pela via da celebração dos bens internos norte-americanos, em jeito de oposição a conquistas externas.
Brokaw alinha as suas canções como se relatadas a partir de um atrelado que, fazia parte de uma feira excursionista, e que foi abandonado num ermo onde a transparência de sentimentos actua como bússola. Descobre o caminho de regresso a casa por meio de canções para t(r)ocar entre amigos. Para se perceber o que falha então a um disco equitativamente eléctrico e acústico, basta a escuta de um par de faixas que deixam bem visíveis as fragilidades que impedem Brokaw de ser um músico de topo. Num tom profético, “X’s for Eyes” vem a revelar o podemos um dia vir a escutar aos New Amsterdams em período de plena maturidade. Até aí tudo bem. Quando, num delicado tom cronista, Brokaw profere The war ended in Chicago / They were fighting somewhere else, é natural estabelecer a associação ao escritor de canções que revalidou a coolness a um conhecimento histórico enciclopédico descomplexadamente partilhado. Pode, em todo o caso, Brokaw poupar-se ao desinteresse generalizado que sobre um disco seu se abateria se arriscasse o épico de 74 minutos. A simpatia que se descobre a estes postais rock tem um valor quase casual e o prazo médio de 3 minutos de atenção condenada a ruir.
Na verdade, Incredible Love garante a Chris Brokaw um frágil benefício da dúvida que, na melhor das hipóteses, orientará as escutas até a discos anteriores e cultive alguma curiosidade face ao que a sua carreira possa ter para oferecer. A favor disso insurge-se o momento alto “Move”, convidativamente solarengo e convincente ao ponto de poder ser tomado como um out-take mais folclórico de New Adventures in Hi Fi, subestimado disco dos R.E.M..É esse o pico que lhe vale a reconsideração. Em nome do meu polegar e indicador, peço desde já desculpa ao split que partilhavam Chris Brokaw e os espanhóis Viva Las Vegas, que vezes sem conta ignorou a mão que agora tecla ao percorrer as fileiras intermináveis de discos em promoção numa loja que reservo à incógnita. Contudo, parece-me definitivo o parecer que estabelece Incredible Love como um disco meramente simpático.
migarsenio@yahoo.com
RELACIONADO / Chris Brokaw