DISCOS
Merz
Loveheart
· 06 Abr 2006 · 08:00 ·

Merz
Loveheart
2005
Grönland
Sítios oficiais:
- Merz
- Grönland
Loveheart
2005
Grönland
Sítios oficiais:
- Merz
- Grönland

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Loveheart
2005
Grönland
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Loveheart
2005
Grönland
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Conrad Lambert é um nome desconhecido para muitos. E mesmo o nome Merz não desfruta de especial reconhecimento ou notoriedade. Mas nem sempre foi assim. Em 1999, Merz conseguiu largar um disco na Sony/Epic e tudo apontava para que daí em diante tudo corresse de vento em popa – a fama que nessa altura gozou para aí apontava. Mas depois do disco de estreia, Conrad Lambert fugiu a sete pés de um contrato discográfico, mas se lhe perguntarem se tomou a decisão correcta, com certeza a resposta será sim. Este Loveheart é o regresso após seis anos de ausência das lides musicais, um disco composto em vários locais, resultado da vida incerta e inconstante que levou durante estes últimos anos. No meio de todas estas viagens – Conrad Lambert costumava escrever e gravar em Yorkshire mas visitava a namorada sempre que podia em Bath – o disco acabou por se deixar influenciar por programas como o Late Junction e o show de John Peel que ia apanhando na rádio. Não é por isso com surpresa que este disco acabe por se mostrar, na generalidade, deveras selectivo, intimista e solitário.
Mas não é solitário por falta de colaborações. Loveheart conta com participações tão distintas como as de Charlie Jones (o baixista dos Goldfrapp) e John Baggot (Portishead, Beth Gibbons, Robert Plant) e Even Johansen (Magnet). Há ainda aqui pelo meio uma voz feminina que se adivinha ser então da namorada de Conrad Lambert – mas não existem por enquanto confirmações que sejam conhecidas. Mas vamos directos ao assunto, enfrentar os bois pelos cornos. O início é bom. “Postcard from a dark star”, no piano, nas electrónicas minimais, é mesmo isso: um bom postal de entrada neste disco, um que apagará todas as duvidas acerca do que aqui se pode ouvir. Sentimentos adversos provocados pela audição da primeira faixa devem ser entendidos como um sinal para carregar no stop e oferecer o disco a outra pessoa. Se ainda aí estão, “Dangerous Heady Love Scheme” é ainda melhor, pop orelhuda meia acústica, meia digital e sem vergonha para finais de tardes de sol. “Verily” começa mal – a fazer lembrar pop romântica e má dos anos 80 - mas depois segue muito bem; não só por fazer lembrar remotamente o Mali via Ali Farka Toure e Toumani Diabaté (em In the Heart of the Moon), não só pelo suspiro em espiral que caminha em seu redor mas também pelo corpo rico e diverso que se vai desenrolando ao longo da canção. Por tudo isto, "Verily" acaba por ser a melhor canção deste Loveheart. Em “My name is sad and at sea” Conrad Lambert é singer-songwriter puro de clara e gema, canção levemente assombrada onde sinos distantes soam sem que lhe reconheçam paradeiro.
Continuando, “Butterfly” faz-se de uma guitarra acústica e de uma voz feminina (por vezes filtrada digitalmente e robótica), pequena percussão, harmónica e de um esperançoso fecho de luz. “Warm Cigarette Room” pode fazer lembrar Kid A electrónica, no piano, um pouco na voz - mas sem a audácia dos Radiohead – principalmente a quem já não pegue no disco há algum tempo. “Mentor” é Conrad Lambert em modo chicoespertismo a fazer lembrar a Beta Band e a segurar o sol numa mão e a pedir uma direcção com a outra, sabendo sempre que o mundo é cheio de possibilidades: “Come down here, be my mentor, won’t you influence the things I do / Step down here, be my mentor, I want your influence, I do”. As canções restantes que aqui não se abordaram não tinham pontuação suficiente para tal. E é de calculadora na mão que se afirma que Loveheart é uma equação – como aquela que em português se descreve na capa do disco - que podia ter dado para o torto, mas que dá perfeitamente para passar nos exames nacionais.
André GomesMas não é solitário por falta de colaborações. Loveheart conta com participações tão distintas como as de Charlie Jones (o baixista dos Goldfrapp) e John Baggot (Portishead, Beth Gibbons, Robert Plant) e Even Johansen (Magnet). Há ainda aqui pelo meio uma voz feminina que se adivinha ser então da namorada de Conrad Lambert – mas não existem por enquanto confirmações que sejam conhecidas. Mas vamos directos ao assunto, enfrentar os bois pelos cornos. O início é bom. “Postcard from a dark star”, no piano, nas electrónicas minimais, é mesmo isso: um bom postal de entrada neste disco, um que apagará todas as duvidas acerca do que aqui se pode ouvir. Sentimentos adversos provocados pela audição da primeira faixa devem ser entendidos como um sinal para carregar no stop e oferecer o disco a outra pessoa. Se ainda aí estão, “Dangerous Heady Love Scheme” é ainda melhor, pop orelhuda meia acústica, meia digital e sem vergonha para finais de tardes de sol. “Verily” começa mal – a fazer lembrar pop romântica e má dos anos 80 - mas depois segue muito bem; não só por fazer lembrar remotamente o Mali via Ali Farka Toure e Toumani Diabaté (em In the Heart of the Moon), não só pelo suspiro em espiral que caminha em seu redor mas também pelo corpo rico e diverso que se vai desenrolando ao longo da canção. Por tudo isto, "Verily" acaba por ser a melhor canção deste Loveheart. Em “My name is sad and at sea” Conrad Lambert é singer-songwriter puro de clara e gema, canção levemente assombrada onde sinos distantes soam sem que lhe reconheçam paradeiro.
Continuando, “Butterfly” faz-se de uma guitarra acústica e de uma voz feminina (por vezes filtrada digitalmente e robótica), pequena percussão, harmónica e de um esperançoso fecho de luz. “Warm Cigarette Room” pode fazer lembrar Kid A electrónica, no piano, um pouco na voz - mas sem a audácia dos Radiohead – principalmente a quem já não pegue no disco há algum tempo. “Mentor” é Conrad Lambert em modo chicoespertismo a fazer lembrar a Beta Band e a segurar o sol numa mão e a pedir uma direcção com a outra, sabendo sempre que o mundo é cheio de possibilidades: “Come down here, be my mentor, won’t you influence the things I do / Step down here, be my mentor, I want your influence, I do”. As canções restantes que aqui não se abordaram não tinham pontuação suficiente para tal. E é de calculadora na mão que se afirma que Loveheart é uma equação – como aquela que em português se descreve na capa do disco - que podia ter dado para o torto, mas que dá perfeitamente para passar nos exames nacionais.
andregomes@bodyspace.net
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