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WhoMadeWho
WhoMadeWho
· 26 Nov 2005 · 08:00 ·
WhoMadeWho
WhoMadeWho
2005
Gomma
Sítios oficiais:
- WhoMadeWho
- Gomma
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2005
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Para a Dinamarca, a partir da Segunda Guerra Mundial, as exportações aumentaram significativamente. Ao mesmo tempo, a transacção de produtos industriais ultrapassou a exportação do sector agrário, ocupando desta forma um espaço cada vez mais relevante dentro do rol de exportações do país. No final dos anos 90, a exportação industrial constituiu aproximadamente 80% do valor total das vendas a países estrangeiros, enquanto que as vendas de produtos agrícolas representaram 11%. No sector das exportações industriais, mais de 26% correspondiam a máquinas e instrumentos, enquanto que os produtos químicos e manufacturados agrícolas industriais correspondiam a 12% e 4%, respectivamente. Mas as exportações musicais daquele que foi em tempos considerado o país mais honesto e livre de corrupção também não são descuradas. Da terra que vos trouxe recentemente bandas como os Raveonettes e os Mew (qual delas a pior?), surgem agora os WhoMadeWho, um trio disposto a oferecer disco (e não só) com fartura e a despachar à bofetada qualquer má fama que a Dinamarca possa ter deixado nos últimos tempos.
Por volta de 1986, em Who Made Who (registo que serviu de banda-sonora para Maximum Overdrive de Stephen King), os AC/DC lançavam uma série de questões na canção que deu nome ao disco: “Who made who, who made you? / Who made who, ain't nobody told you? / Who made who, who made you? / If you made them and they made you / Who picked up the bill, and who made who?”. E é precisamente da canção dos AC/DC que surge o nome dos dinamarqueses mas isso não quer dizer que aqui resida a resposta para todas estas pertinentes interrogações. Na verdade, os WhoMadeWho (Tomas Barfod na bateria e na electrónica, Tomas Hoffding na voz e Jeppe Kjellberg na guitarra, todos eles com um background musical distinto, e ao mesmo tempo, cada um com um aspecto ainda mais duvidoso que o outro) não têm resposta para nada. Porque é que haveriam de ter? A única coisa que os WhoMadeWho têm é punk-funk como solução para a queda do cabelo, para o fim do tédio, para os quilos a mais e para algumas alergias – um dos problemas de saúde que mais tem aumentado desde a Segunda Guerra. E mais. Quando pouco depois do início de “Rose” o baixo e a percussão resolvem atacar sem dó nem piedade, sem apelo nem agravo, sem eira nem beira, poucos duvidarão: “com isto, na rua, vou ter mais estilo a caminhar do que o John Travolta em Saturday Night Fever”. Talvez os WhoMadeWho sejam até uma versão actualizada dos Bee Gees.
Mas não é só essa questão que “Rose” levanta. É provável que no meio de todo este vendaval e com a voz que se tenta erguer por lá alguém se pergunte se por acaso os Queens of the Stone Age não tenham feito uma visita recentemente à Dinamarca. E quando se ousa pensar que tudo isto é apenas um sonho estranho e confuso, “Space for Rent”, logo a seguir, é tema para deixar os próprios Queens of the Stone Age a imaginarem-se vestidos de cabedal preto numa discoteca com luzes coloridas e uma cintilante bola giratória. “Space for Rent”, no seu final, é também momento para que se perceba outra coisa: os WhoMadeWho são rapazes para sair da casca da música de dança. Mas não é caso isolado: senão ouça-se a quase country “Small Wonders”, com direito a slide guitar e demais elementos acústicos, ou então a semi-balada “Shake Your Boat”. Mas sejamos honestos. Embora se aprecie o ecletismo, não será propriamente isso que primeiramente se procura num disco como este - não se deve brincar com a saúde e muito menos com a tensão arterial.
E o que se procura é precisamente temas como “Out The Door”, capaz de injectar quantidades significativas de adrenalina e sensualidade nos corpos mais dormentes; ou a alatinada “I Love”, convite aberto à dança aparvalhada - quem possuir em sua casa uma sempre útil cowbell pode acompanhar os WhoMadeWho como as palmas acompanham os ciclistas em dia de volta. No capítulo da voz as semelhanças continuam: “Hello, Empty Room” parece ter a participação de Stephen Mason dos Beta Band e de alguns robôs que fazem a ponte entre o disco do passado e do futuro. E quando menos se espera (e já que se fala em aparvalhanço), mesmo no tema derradeiro, os WhoMadeWho pegam na intragável “Satisfaction” de Benny Bennasi, tornam-na ainda mais pimba e depois dão-lhe de tal forma a volta que bem vistas as coisas até nem parece pimba de todo. Pelo meio ainda conseguem entrar quase em modo ska. Feitas as contas, WhoMadeWho, apesar de altos e baixos, é capaz de empacotar alguma da música com mais estilo feita em 2005. E quando assim é, quem é que quer saber do conteúdo?
André GomesPor volta de 1986, em Who Made Who (registo que serviu de banda-sonora para Maximum Overdrive de Stephen King), os AC/DC lançavam uma série de questões na canção que deu nome ao disco: “Who made who, who made you? / Who made who, ain't nobody told you? / Who made who, who made you? / If you made them and they made you / Who picked up the bill, and who made who?”. E é precisamente da canção dos AC/DC que surge o nome dos dinamarqueses mas isso não quer dizer que aqui resida a resposta para todas estas pertinentes interrogações. Na verdade, os WhoMadeWho (Tomas Barfod na bateria e na electrónica, Tomas Hoffding na voz e Jeppe Kjellberg na guitarra, todos eles com um background musical distinto, e ao mesmo tempo, cada um com um aspecto ainda mais duvidoso que o outro) não têm resposta para nada. Porque é que haveriam de ter? A única coisa que os WhoMadeWho têm é punk-funk como solução para a queda do cabelo, para o fim do tédio, para os quilos a mais e para algumas alergias – um dos problemas de saúde que mais tem aumentado desde a Segunda Guerra. E mais. Quando pouco depois do início de “Rose” o baixo e a percussão resolvem atacar sem dó nem piedade, sem apelo nem agravo, sem eira nem beira, poucos duvidarão: “com isto, na rua, vou ter mais estilo a caminhar do que o John Travolta em Saturday Night Fever”. Talvez os WhoMadeWho sejam até uma versão actualizada dos Bee Gees.
Mas não é só essa questão que “Rose” levanta. É provável que no meio de todo este vendaval e com a voz que se tenta erguer por lá alguém se pergunte se por acaso os Queens of the Stone Age não tenham feito uma visita recentemente à Dinamarca. E quando se ousa pensar que tudo isto é apenas um sonho estranho e confuso, “Space for Rent”, logo a seguir, é tema para deixar os próprios Queens of the Stone Age a imaginarem-se vestidos de cabedal preto numa discoteca com luzes coloridas e uma cintilante bola giratória. “Space for Rent”, no seu final, é também momento para que se perceba outra coisa: os WhoMadeWho são rapazes para sair da casca da música de dança. Mas não é caso isolado: senão ouça-se a quase country “Small Wonders”, com direito a slide guitar e demais elementos acústicos, ou então a semi-balada “Shake Your Boat”. Mas sejamos honestos. Embora se aprecie o ecletismo, não será propriamente isso que primeiramente se procura num disco como este - não se deve brincar com a saúde e muito menos com a tensão arterial.
E o que se procura é precisamente temas como “Out The Door”, capaz de injectar quantidades significativas de adrenalina e sensualidade nos corpos mais dormentes; ou a alatinada “I Love”, convite aberto à dança aparvalhada - quem possuir em sua casa uma sempre útil cowbell pode acompanhar os WhoMadeWho como as palmas acompanham os ciclistas em dia de volta. No capítulo da voz as semelhanças continuam: “Hello, Empty Room” parece ter a participação de Stephen Mason dos Beta Band e de alguns robôs que fazem a ponte entre o disco do passado e do futuro. E quando menos se espera (e já que se fala em aparvalhanço), mesmo no tema derradeiro, os WhoMadeWho pegam na intragável “Satisfaction” de Benny Bennasi, tornam-na ainda mais pimba e depois dão-lhe de tal forma a volta que bem vistas as coisas até nem parece pimba de todo. Pelo meio ainda conseguem entrar quase em modo ska. Feitas as contas, WhoMadeWho, apesar de altos e baixos, é capaz de empacotar alguma da música com mais estilo feita em 2005. E quando assim é, quem é que quer saber do conteúdo?
andregomes@bodyspace.net
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