DISCOS
Eluvium
Talk Amongst The Trees
· 01 Abr 2005 · 09:00 ·
Eluvium
Talk Amongst The Trees
2005
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Eluvium
- Temporary Residence
Talk Amongst The Trees
2005
Temporary Residence
Sítios oficiais:
- Eluvium
- Temporary Residence
Eluvium
Talk Amongst The Trees
2005
Temporary Residence
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- Eluvium
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Talk Amongst The Trees
2005
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Sítios oficiais:
- Eluvium
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Há lodo no cais, e, ao que a previsão meteorológica faz antever, ali permanecerá até que o ciclo da erosão conheça um fim. Talk Amongst the Trees descreve a ambição exigida ao lodo para que este almeje a inverter a sua com a posição do tecto azul. Passa tal alternância pelo mergulho “drone” adentro. Quem não nada, afoga-se. Há sonhar e “tripar”, há ir e a incerteza de voltar. Quando imersos no amniótico fluído Eluvium, importa então manter um delicioso estado de semi-consciência sem jamais perder a ponta ao novelo. “Não entres tão depressa nessa noite escura”. Talk amongst the Trees é um convite assumido à dissipação na espessura da névoa extraída a sintetizadores que desconhecem um ponto A ou B.
Matthew Cooper (o rosto real além da máscara Eluvium) fala entre as mesmas árvores a que Chan Marshall (mais conhecida por Cat Power) se confessava no DVD lançado recentemente pela mesma. Além da predilecção pelo arvoredo como zona de refúgio, os dois músicos têm em comum um sentido de melancolia que, oscilando entre o esperançoso e o pessimista, acaba por ser mais solene e confessional que propriamente lamechas. O terceiro disco de Eluvium é, sobretudo, misteriosamente ambíguo. Após An Accidental Memory in Case of Death - interregno dedicado ao piano em estado bruto -, o músico volta a um registo que não é melhor nem pior que o outro que se lhe conhece. É simplesmente lógico e complementar enquanto passo que retoma o trilho de Lambent Material.
Isoladamente aterrado num monte de inércia apenas aparente, Talk Amongst the Trees é comparável à arca de Noé, pela forma como emparelha o que visa proteger. Neste caso, dois cumes magnéticos que coordenam o subtilmente variável arrasto da lesma com apetência para a melodia. Sim, porque, numa perspectiva mais abrangente, trata de melodia o mais bem conseguido disco de Eluvium. Trata de submeter o que os especialistas despacham em 3 minutos, à prova da digestão demorada (17 minutos no caso extremo do basilar “Taken”).
Apesar de incorrer a parecer atroz, não posso deixar de sugerir Talk Amongst the Trees como banda-sonora apropriada à vida que o feto angélico-alienígena - pertencente ao artwork de Ágaetis Byrjun (dos Sigur Rös) - viu passar diante dos olhos antes da sua morte precoce. Ou seja, sonda - quem escuta - todo um conjunto de experiências por consumar. Pela forma como agiganta a melancolia (e melodia) até esta não mais poder ser contida, Eluvium confere à sua música a amplitude de grandes aeroportos vazios, ao mesmo tempo que reflecte nessa imensidão a indecisão de Ícaro. Temos historiador da mitologia ambiente. Que o "drone" esteja convosco, assim no lodo como no céu.
Miguel ArsénioMatthew Cooper (o rosto real além da máscara Eluvium) fala entre as mesmas árvores a que Chan Marshall (mais conhecida por Cat Power) se confessava no DVD lançado recentemente pela mesma. Além da predilecção pelo arvoredo como zona de refúgio, os dois músicos têm em comum um sentido de melancolia que, oscilando entre o esperançoso e o pessimista, acaba por ser mais solene e confessional que propriamente lamechas. O terceiro disco de Eluvium é, sobretudo, misteriosamente ambíguo. Após An Accidental Memory in Case of Death - interregno dedicado ao piano em estado bruto -, o músico volta a um registo que não é melhor nem pior que o outro que se lhe conhece. É simplesmente lógico e complementar enquanto passo que retoma o trilho de Lambent Material.
Isoladamente aterrado num monte de inércia apenas aparente, Talk Amongst the Trees é comparável à arca de Noé, pela forma como emparelha o que visa proteger. Neste caso, dois cumes magnéticos que coordenam o subtilmente variável arrasto da lesma com apetência para a melodia. Sim, porque, numa perspectiva mais abrangente, trata de melodia o mais bem conseguido disco de Eluvium. Trata de submeter o que os especialistas despacham em 3 minutos, à prova da digestão demorada (17 minutos no caso extremo do basilar “Taken”).
Apesar de incorrer a parecer atroz, não posso deixar de sugerir Talk Amongst the Trees como banda-sonora apropriada à vida que o feto angélico-alienígena - pertencente ao artwork de Ágaetis Byrjun (dos Sigur Rös) - viu passar diante dos olhos antes da sua morte precoce. Ou seja, sonda - quem escuta - todo um conjunto de experiências por consumar. Pela forma como agiganta a melancolia (e melodia) até esta não mais poder ser contida, Eluvium confere à sua música a amplitude de grandes aeroportos vazios, ao mesmo tempo que reflecte nessa imensidão a indecisão de Ícaro. Temos historiador da mitologia ambiente. Que o "drone" esteja convosco, assim no lodo como no céu.
migarsenio@yahoo.com
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