DISCOS
Martyn
Voids
· 12 Jul 2018 · 15:51 ·
Martyn
Voids
2018
Ostgut Ton
Sítios oficiais:
- Ostgut Ton
Voids
2018
Ostgut Ton
Sítios oficiais:
- Ostgut Ton
Martyn
Voids
2018
Ostgut Ton
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- Ostgut Ton
Voids
2018
Ostgut Ton
Sítios oficiais:
- Ostgut Ton
A gana de encher o vazio.
Bem vistas as coisas, tudo é precário. A vida é precária. A nossa existência num tão vasto e complexo e brutal universo é em si a mais elementar, e atroz, definição de fragilidade. Somos um acidente, e uns privilegiados. Mero pó cósmico a andarilhar, como Carl Sagan tantas vezes sugeria.
Neste disco há a perfeita consciência que o tempo é escasso. O dele, o de todos nós. Há que fazer o melhor desse tempo disponível, usá-lo para proveito próprio, mas também dar alguma coisa ao próximo. O holandês Martijn Deykers teve a sua experiência com o finito quando teve um ataque cardíaco enquanto estava em estúdio entretido com a sua arte.
O título do quarto de originais de Martyn invoca o vazio, o nulo ou o inválido. Mas não é pelo nada que Martyn se quer ficar. Ou que nada mais há para além disso, uma espécie de consagração do niilismo. Vamos todos desaparecer, que diferença faz? Não. Havendo gana, podendo, é dar bom uso à efémera existência, é ocupar e rechear positivamente o vazio.
Este disco é preenchido, astuto e, o mais importante, esperançoso. A matéria aqui trabalhada é a que Martyn já nos habituou. Regressa um pouco atrás, às origens, àquele UK garage de El-B que se metamorfoseou em dubstep dos Digital Mystikz, o regalo de ver o sub-baixo a provocar trepidação nos vidros. Pelo meio, recupera a melhor ambiguidade techno-house-breakbeat, nervo rave, de Ghost People.
Voids também preenche bem o vazio que vai havendo nos nossos ouvidos. Não se perde em meditações, ou em vaidades, ou cegamente a caminhar. Martyn não quer ser mais do que é: um tipo honesto com a sua arte. A precariedade tem sido o seu estilo em álbuns. À quarta, não.
Voids é a sua façanha mais douta e equilibrada, pessoal, indiferente a estilos e direcções, ou opiniões vesgueiras. É um trato que tem lado a lado a improbabilidade dum petardo rave neurótico, "Cutting Tone", e uma voluptuosidade jazz, "Try To Love You". Isto não é genial. Mas sentimo-lo a vibrar. Martyn grita veemente estou vivo. Só morre quem se recusa a viver.
Rafael SantosNeste disco há a perfeita consciência que o tempo é escasso. O dele, o de todos nós. Há que fazer o melhor desse tempo disponível, usá-lo para proveito próprio, mas também dar alguma coisa ao próximo. O holandês Martijn Deykers teve a sua experiência com o finito quando teve um ataque cardíaco enquanto estava em estúdio entretido com a sua arte.
O título do quarto de originais de Martyn invoca o vazio, o nulo ou o inválido. Mas não é pelo nada que Martyn se quer ficar. Ou que nada mais há para além disso, uma espécie de consagração do niilismo. Vamos todos desaparecer, que diferença faz? Não. Havendo gana, podendo, é dar bom uso à efémera existência, é ocupar e rechear positivamente o vazio.
Este disco é preenchido, astuto e, o mais importante, esperançoso. A matéria aqui trabalhada é a que Martyn já nos habituou. Regressa um pouco atrás, às origens, àquele UK garage de El-B que se metamorfoseou em dubstep dos Digital Mystikz, o regalo de ver o sub-baixo a provocar trepidação nos vidros. Pelo meio, recupera a melhor ambiguidade techno-house-breakbeat, nervo rave, de Ghost People.
Voids também preenche bem o vazio que vai havendo nos nossos ouvidos. Não se perde em meditações, ou em vaidades, ou cegamente a caminhar. Martyn não quer ser mais do que é: um tipo honesto com a sua arte. A precariedade tem sido o seu estilo em álbuns. À quarta, não.
Voids é a sua façanha mais douta e equilibrada, pessoal, indiferente a estilos e direcções, ou opiniões vesgueiras. É um trato que tem lado a lado a improbabilidade dum petardo rave neurótico, "Cutting Tone", e uma voluptuosidade jazz, "Try To Love You". Isto não é genial. Mas sentimo-lo a vibrar. Martyn grita veemente estou vivo. Só morre quem se recusa a viver.
r_b_santos_world@hotmail.com
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