DISCOS
Jon Hopkins
Singularity
· 23 Mai 2018 · 17:21 ·
Jon Hopkins
Singularity
2018
Domino


Sítios oficiais:
- Jon Hopkins
- Domino
Jon Hopkins
Singularity
2018
Domino


Sítios oficiais:
- Jon Hopkins
- Domino
O Homem, o homem e o espaço profundo.
Muitos têm encontrado o centro da sua essência na meditação. David Lynch, avocado, cuja arte, da cinematografia à pintura, se tornou singularidade, é um, ou mero exemplo. Também, bem mais perto, todos já ouvimos de um amigo o atestar de validez da prática. Quem realmente atinge o zénite, o puro zen, paz espiritual, tem garantida paciência a sorrir aos cépticos e neuróticos à sua volta que ladram que é tudo conversa de idiotas.

Jon Hopkins, sobrecarregado de propostas, bandas sonoras para teatro, cinema, colaborações, remisturar, tocar ao vivo, esgotou-se animicamente. Immunity, de 2013, que o colocou justamente no mapa pop, parece ter contribuído para a azáfama, a exacerbação, que acabou por limitá-lo. Uma vez mais, não há sucesso divino em que a divindade nada mais faça senão armadilhar o trilho de quem conseguiu algo humanamente.

Singularity é de contrastes. É meditativo; espelha as inquietações do Homem que foram atenuadas pela profunda reflexão. É cinéfilo; num filme de ficção querido ambíguo, mas também activo, musculado, porque o Homem não é nada sem conflitos. E é científico; no desejo de perscrutar até que ponto está tudo interligado – à escala quântica; o princípio do átomo até anátema do agora. Os títulos que fazem o alinhamento apontam ao entusiasmo de Hopkins pelo tudo, e mais alguma coisa.

Singularity é uma reacção a Immunity; entre um e outro não existem diferenças substanciais. O novo disco acaba por ser um processo de transição; e feito de transições, de excitações à serenidade, da rudeza à voluptuosidade. É Humano. E como qualquer humano, Jon é por vezes empurrado para um lugar que não se percebe bem que grande fascínio tem. É lá com ele. Mas a segunda parte do disco perde-se, e mostra que os idiotas têm alguma razão no que toca a dadas meditações; profundidade a mais pode gerar alguns corpos fúteis, insípidos.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
RELACIONADO / Jon Hopkins