Assim como a gravidade atrai os corpos, os humanos também se atraem. É essencialmente esta a premissa de Immeasurable Heaven, o novo álbum de FARWARMTH, músico que tem dado cartas no campo da electrónica mais exploratória. A filosofia aqui inerente poderá ser a de que somos muito menos do que aquilo que pensamos ser, mas com um twist; essa suposta fraqueza não convida à depressão, mas a uma espécie de resignação saudável. É que, afinal de contas, somos todos feitos dos mesmos materiais: nós, o universo, as estrelas, os átomos, as reacções químicas que determinam ou não o amor.

Immeasurable Heaven, tal como o paraíso ou o universo - que em alguns casos até poderão ser uma e a mesma coisa -, não se pode medir de forma simples. Tem de existir uma espécie de capitulação por parte do ouvinte, um desligar dos sentidos, uma imersão total nestes sons. Não uma morte do ego, mas o expandir desse mesmo ego; pensar que não somos apenas esta consciência mas todas as consciências ao mesmo tempo. Pensar que o início de "Supercluster" somos nós, percorrendo toda a matéria. Pensar que o isolamento total não existe, pois estamos sempre rodeados, e atraídos, por tudo.

Para esse feito, os sons de Immeasurable Heaven vão buscar a várias fontes: ao drone, como é habitual em FARWARMTH, ao ambient, ao noise, e até à música de cariz mais "clássico" - há um piano minimalista em "In The Outskirts II" e violoncelos em "Fear Of Water" e "Hyper Feelings I", por exemplo. Não que alguma supere o registo final, com "Boundless Expansion", uma Escada de Jacob construída com recurso a órgão e drone, súmula de tudo o que se experienciou nos temas anteriores: se somos o Universo, somos também o Paraíso. E também somos Deus.