Cabrões dos millenials arruínam tudo em que tocam. Ele é os filmes, a política, o trabalho, a Internet, a música, enfim, nada escapa aos seus dedos gordurosos e pós-pós-modernos, ao mimimi constante que se escuta e se lê nas redes sociais. São um cancro que se espalhou pelo mundo e chegou ao rock n' roll... Pelo menos segundo os velhos do Restelo, porque os outros, mais atentos, sabem que o rock não morreu por culpa dos millenials que o refrescaram. Como os FUGLY.

FUGLY é, como se sabe, o diminutivo para fucking ugly, que é a única descrição possível para o Héctor Herrera. No entanto, a música do trio portuense não se aproxima nem um pouco da fealdade do mexicano; está, talvez, mais próxima de Marega, que é forçudo e leva tudo à frente, um bocado como o rock n' roll deve ser. Junte-se a isto a capacidade de concretização do Aboubakar e os FUGLY podem desde já marcar um concerto nos Aliados, porque golos não lhes faltam e, com eles, virão os títulos.

Millenial Shit é um título evidentemente irónico, mas uma pessoa até lhes perdoa essa falha (a ironia morreu em 2016, mais ou menos por volta da mesma altura em que o chato do Father John Misty começou a abusar dela) ao escutar o disco de uma ponta a outra, sem interrupções: trinta minutos de uma jarda deliciosa que não esquece os seus momentos mais melódicos, garage punk sem merdas cujos melhores momentos são mesmo os mais curtos - como "Hit A Wall" ou "Ciao (You're Dead)", logo a abrir, e "Yey", pouco depois. Não que eles não saibam arrastar a coisa até um nível superior, como o prova a riffalhada presente em "Inside My Head". Mas o melhor do rock é mesmo o jogo directo. É assim que se ganham campeonatos.