De discos fáceis está o mundo cheio. Certo? E de arte fácil, descartável, de rápido consumo, fast food intelectual, livros de mesa de sala. E isso pode ser um problema. Sobretudo quando nos distrai da existência do que está para além disso.

Toada, o disco de estreia de Live Low, que é como quem diz Pedro Augusto (GHUNA X), sabe disso – desse problema - e usa-o a seu bel-prazer. E, com isso, criou um espaço imaginado onde cabem os seus heróis, um certo lirismo e a sua marca própria. E ficou uma espécie de electrónicalírica. E soa bem do início ao fim.

Para um disco de música electrónica, Toada é bastante humano, orgânico e natural. Não é só quando se recria “Lembra-me um sonho lindo”, de Fausto. É em todo o disco, quando se permite que guitarras, baixos e vozes penetrem nestas nove belíssimas explorações. É nos "arranjos" e nas soluções. É um pouco por todo o lado.

Toada é um disco com nervo. Com músculos, tendões, sangue nas veias e, sobretudo, mais do que cabeça, tronco e membros, com coração. Não é apenas um disco; parece querer ser um documento. E parece querer dizer: se querem algo simples, não entrem aqui. Agora silêncio que, como diria JP Simões, vai-se cantar o fardo.