DISCOS
Metá Metá
MM3
· 26 Set 2016 · 09:38 ·
Metá Metá
MM3
2016
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Metá Metá
MM3
2016
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- Metá Metá
Metá Metá
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2016
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Omissões.
Começa a ser estranha a omissão dos Metá Metá de tudo quanto é blogue ou publicação especializada (salvo algumas boas excepções). O som criado pelo trio de São Paulo tem tudo para que estes se afirmem, definitivamente, em certos círculos europeus - os mesmos que têm dado destaque, por exemplo, a Elza Soares; no seu país-natal, o Brasil (que saberá uma coisinha ou duas sobre música) são já considerados um dos expoentes máximos da cena actual, virtude de um jazz sem fronteiras onde cabe não só o jeitinho e o poema mas também a liberdade. Que lhes falta? Nada. A nós é que nos falta um amigo que não da onça para nos dizer que eles até passaram por Portugal recentemente...
Menos na condição de fã e mais de crítico, importa agora salientar que esta, de facto, é uma música absurdamente nova e danada de boa. E poderíamos terminar logo aí. Apoiados na mulher imensa que é Juçara Marçal, a voz e o corpo dos Metá Metá, o trio tem-se revelado, já desde o seu primeiro lançamento (homónimo, 2011), um caso muito sério daquilo que poderíamos entender como um novo fôlego da vanguarda paulista, que nos anos 80 nos deu discos maravilhosos como os de Itamar Assumpção. Isto é Brasil, em todas as suas formas, em todo o sangue que correu no país até hoje, em toda a raiva e alegria que passou de geração em geração.
É muito Brasil, mas também é Portugal - sobretudo no verso, no cenário de faca e alguidar contado em cada canção. Como este: Pele tatuada, carne mutilada / O seu dente sangra / Chora enquanto ri sozinha, faz careta / Grita um verso a quem passar..., retirado de "Angoulême", já depois do jazz noir de "Três Amigos" nos ter aberto a porta para o, também ele, estranho mundo dos Metá Metá. Um mundo onde a tensão faz dançar, tanto a das cordas das guitarras como a da garganta de Juçara. Punk rock, free jazz e a dose certa de tradição. Está feita uma obra de arte total.
Por vezes poderemos pensar que até é bom que os Metá Metá ainda não tenham alcançado o estatuto que tanto merecem - impede-os de cair nas malhas do hype, de ceder perante expectativas ou tentativas de aguar a sua música. Mas, depois, escutamos "Angolana" e sentimos a necessidade de partilhar tudo isto com o mundo, espalhar o ouro da arca aberta por uma multidão que nos olha impaciente, morta de fomes várias. MM3 é o exemplo perfeito de que não existem tantos muros assim, e o melhor antídoto contra quem os quer construir. Bastará um "Toque Certeiro" para os derrubar a todos.
Paulo CecílioMenos na condição de fã e mais de crítico, importa agora salientar que esta, de facto, é uma música absurdamente nova e danada de boa. E poderíamos terminar logo aí. Apoiados na mulher imensa que é Juçara Marçal, a voz e o corpo dos Metá Metá, o trio tem-se revelado, já desde o seu primeiro lançamento (homónimo, 2011), um caso muito sério daquilo que poderíamos entender como um novo fôlego da vanguarda paulista, que nos anos 80 nos deu discos maravilhosos como os de Itamar Assumpção. Isto é Brasil, em todas as suas formas, em todo o sangue que correu no país até hoje, em toda a raiva e alegria que passou de geração em geração.
É muito Brasil, mas também é Portugal - sobretudo no verso, no cenário de faca e alguidar contado em cada canção. Como este: Pele tatuada, carne mutilada / O seu dente sangra / Chora enquanto ri sozinha, faz careta / Grita um verso a quem passar..., retirado de "Angoulême", já depois do jazz noir de "Três Amigos" nos ter aberto a porta para o, também ele, estranho mundo dos Metá Metá. Um mundo onde a tensão faz dançar, tanto a das cordas das guitarras como a da garganta de Juçara. Punk rock, free jazz e a dose certa de tradição. Está feita uma obra de arte total.
Por vezes poderemos pensar que até é bom que os Metá Metá ainda não tenham alcançado o estatuto que tanto merecem - impede-os de cair nas malhas do hype, de ceder perante expectativas ou tentativas de aguar a sua música. Mas, depois, escutamos "Angolana" e sentimos a necessidade de partilhar tudo isto com o mundo, espalhar o ouro da arca aberta por uma multidão que nos olha impaciente, morta de fomes várias. MM3 é o exemplo perfeito de que não existem tantos muros assim, e o melhor antídoto contra quem os quer construir. Bastará um "Toque Certeiro" para os derrubar a todos.
pauloandrececilio@gmail.com
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