DISCOS
Prins Thomas
Principe Del Norte
· 06 Mai 2016 · 11:46 ·
Prins Thomas
Principe Del Norte
2016
Smalltown Supersound


Sítios oficiais:
- Prins Thomas
- Smalltown Supersound
Prins Thomas
Principe Del Norte
2016
Smalltown Supersound


Sítios oficiais:
- Prins Thomas
- Smalltown Supersound
Por partes. Com sentido.
Prins Thomas divaga. Nem sempre a um perfeito nível. Mas há ímpeto, inquietude, ambição no final. Já lá vão os tempos em que ele e Lindstrom se incumbiam de desmontar os princípios elementares do disco-sound, da kosmiche-music, do rock progressivo para voltarem a montar tudo à lupa dos seus peculiares desejos. E também já lá vão os dias do disco de estreia de Prins Thomas (2010) – um exímio exercício onde o norueguês se soltava para deambular e depurar as suas referências musicais: foram percussões determinadas e hipnóticas, baixos de acordes limitados, intrincadas especulações, assomos fantasiosos àquele idílico nu-disco nórdico.

De alguma maneira Prins Thomas decidiu fazer do disco de estreia a solo o primeiro capítulo de uma trilogia. Os discos de 2012 e 2014, em boa verdade, não foram maus. Mas também em bom-tom da verdade, será difícil admitir que foram consequentes. Ambos tinham carácter de pretensiosas antologias. Esmiuçando: soavam como se Prins Thomas, qual desejo de se afirmar de vez, compusesse e recompusesse a sua música de todas as formas e feitios para provar a sua singularidade. A sua música em II e III soou redundante, amontoada, técnica.

Felizmente, Prins Thomas percebeu – de vez! – que nada tinha a provar. Tanto que à quarta investida a solo, o norueguês decidiu-se dar ao puro gozo de se auto-intitular Principe Del Norte. Já teve oportunidades para se afirmar como rei, mas nada como se ficar pelo principado. Ser. Humildemente. E, acima de tudo, procurar outros pontos de vista. E é disto que se trata este novo disco de originais de Prins Thomas: perspectiva.

O conteúdo aqui era o espectável: isto é Prins Thomas! Se há algo de verdadeiramente relevante neste Principe Del Norte é a forma. O que ele faz aqui é desmembrar a sua conhecida forma de estar. Ele desmonta-se. E recompõe-se. Peça a peça. De A a H: o alinhamento é um crescendo de intensidade: é kosmiche no início, é Manuel Göttsching, é Klaus Schulze-quase funk, é Jean Michel-Jarre à beira dum buraco negro; pelo meio é disco-sound banhado por auroras boreais, é ambient-house dos anos 90; e no final até vai a Detroit para se atrever a fazer techno-cósmico. Prins Thomas não inventa, nem se reinventa. Não! Mas de um modo inteligente apresenta-se em 2016 desmontado, e descomplexado. A narrativa escorre em simples capítulos: viajante, sonhadora, espontânea. Muito interessante.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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