DISCOS
Iggy Pop
Post Pop Depression
· 11 Mar 2016 · 12:10 ·

Iggy Pop
Post Pop Depression
2016
Loma Vista
Sítios oficiais:
- Iggy Pop
- Loma Vista
Post Pop Depression
2016
Loma Vista
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- Iggy Pop
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Post Pop Depression
2016
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O canto do cisne do velho estarola?
Tudo começou com uma mensagem de texto enviada por Iggy Pop para o telemóvel de Josh Homme. Perguntava-lhe se não estaria interessado em escrever música com ele. O fundador dos Queens of the Stone Age respondeu da única forma que se responde a um convite destes. Pois, com certeza! Como não fazer música com o Iggy Pop? Pop e Homme começaram a trabalhar neste disco em Janeiro do ano passado. A colaboração, a que se juntaram Dean Fertita (QOTSA e The Dead Weather) e Matt Helders (Arctic Monkeys), foi mantida em segredo até há bem pouco tempo.
Acontece que pelo meio Iggy Pop foi dizendo que poderia estar de saída do mundo da música. E, por isso, este Post Pop Depression reveste-se de particular importância. Será este o canto do cisne do nosso velho estarola? Calma! Está tudo bem. Este não tem de ser o seu testamento, como a colecção de canções que Schubert publicou no ano da sua morte, ou o equivalente à morte encenada de David Bowie no derradeiro Blackstar. Mas curiosamente os anos de Berlim que Bowie e Pop passaram juntos foram tema de conversa com Homme durante a composição do disco.
Post Pop Depression não é apenas o título daquele que poderá ou não ser o último álbum de Iggy Pop. É também um inteligente jogo de palavras que não remete necessariamente para uma depressão pós-pop (ou seja, pós-música pop) mas para uma depressão pós-Pop (pós-Iggy Pop). Faz toda a diferença. Ora, sendo este um disco dele e de Josh Homme, que o produziu, co-escreveu e nele tocou guitarra, baixo e piano e ainda fez voz de apoio, os níveis de testosterona não poderiam estar senão em máximos olímpicos. Certo? Errado.
É um disco que se insinua como um galã, um bronco neo-romântico que até é capaz de rebentar com as portas do saloon mas que depois, já sentado ao balcão, pede um whisky velho com doçura na voz. “I’m gonna break into your heart/ I’m gonna crawl under your skin”, começa Iggy Pop por nos prometer. Depois chega “Gardenia”, um pinga-amor de canção em quatro minutos de sedução, voz envelhecida mas segura, encorpada e lânguida. Durante algum tempo, era este par de temas que se conhecia do disco.
Agora que se conhecem as restantes sete músicas, temos mitologia nórdica americanizada (“American Valhalla”), temos um estupendo número de danceteria orgulhosamente decrépita a terminar em majestosa orquestra (“Sunday”), sentimos o bafo da morte à Tom Waits em “Vulture”... E quem não se lembra do hilariante despique entre Pop e Waits, no filme Café e Cigarros de Jim Jarmusch, por causa de uma jukebox que não toca a música de nenhum dos dois? E sentimos um pequeno choque ao chegarmos a “German Days”. Tudo nesta música tresanda ao amigo Bowie. Não consta é que Pop tenha seguido a famosa dieta berlinense de leite e cocaína. Enfim, temos por aqui vida e morte, paranóia e safadeza. E temos disco, um belo disco.
Hélder GomesAcontece que pelo meio Iggy Pop foi dizendo que poderia estar de saída do mundo da música. E, por isso, este Post Pop Depression reveste-se de particular importância. Será este o canto do cisne do nosso velho estarola? Calma! Está tudo bem. Este não tem de ser o seu testamento, como a colecção de canções que Schubert publicou no ano da sua morte, ou o equivalente à morte encenada de David Bowie no derradeiro Blackstar. Mas curiosamente os anos de Berlim que Bowie e Pop passaram juntos foram tema de conversa com Homme durante a composição do disco.
Post Pop Depression não é apenas o título daquele que poderá ou não ser o último álbum de Iggy Pop. É também um inteligente jogo de palavras que não remete necessariamente para uma depressão pós-pop (ou seja, pós-música pop) mas para uma depressão pós-Pop (pós-Iggy Pop). Faz toda a diferença. Ora, sendo este um disco dele e de Josh Homme, que o produziu, co-escreveu e nele tocou guitarra, baixo e piano e ainda fez voz de apoio, os níveis de testosterona não poderiam estar senão em máximos olímpicos. Certo? Errado.
É um disco que se insinua como um galã, um bronco neo-romântico que até é capaz de rebentar com as portas do saloon mas que depois, já sentado ao balcão, pede um whisky velho com doçura na voz. “I’m gonna break into your heart/ I’m gonna crawl under your skin”, começa Iggy Pop por nos prometer. Depois chega “Gardenia”, um pinga-amor de canção em quatro minutos de sedução, voz envelhecida mas segura, encorpada e lânguida. Durante algum tempo, era este par de temas que se conhecia do disco.
Agora que se conhecem as restantes sete músicas, temos mitologia nórdica americanizada (“American Valhalla”), temos um estupendo número de danceteria orgulhosamente decrépita a terminar em majestosa orquestra (“Sunday”), sentimos o bafo da morte à Tom Waits em “Vulture”... E quem não se lembra do hilariante despique entre Pop e Waits, no filme Café e Cigarros de Jim Jarmusch, por causa de uma jukebox que não toca a música de nenhum dos dois? E sentimos um pequeno choque ao chegarmos a “German Days”. Tudo nesta música tresanda ao amigo Bowie. Não consta é que Pop tenha seguido a famosa dieta berlinense de leite e cocaína. Enfim, temos por aqui vida e morte, paranóia e safadeza. E temos disco, um belo disco.
hefgomes@gmail.com
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