DISCOS
Phaedra
Blackedwinged Night
· 15 Fev 2016 · 12:35 ·
Phaedra
Blackedwinged Night
2015
Runegrammofon


Sítios oficiais:
- Phaedra
- Runegrammofon
Phaedra
Blackedwinged Night
2015
Runegrammofon


Sítios oficiais:
- Phaedra
- Runegrammofon
Toma Phaedra que isso passa.
Se apresentas sintomas de cansaço e fadiga muscular, se a mente se turva e não encontra senão um muro que barra a fluidez dos pensamentos, então isso é falta de música. Toma Phaedra que isso passa.

O que é Phaedra e para que é utilizada

Phaedra deriva do grego phaidros e significa brilhante/luzente. Phaedra é, também, criatura da mitologia grega. Filha de Minos e Pasifae, mulher de Teseu, é “acometida” por um oráculo que lhe revela uma paixão por Hipólito. Uma vez sozinha com este, foge para a floresta onde lhe cai nos braços, quem não gostou muito foi Hipólito que a abandona. Desgostosa, Phaedra tece uma corda e amarra-a a uma árvore e aí encontra o seu final.

Para além da Grécia Antiga, Phaedra é o nome da banda de folk alternativo/soul norueguesa, que lançou em 2015 este Blackwinged Night pela mão da editora Runegrammofon. Segundo de uma trilogia de álbuns segue, deste modo, a estrutura tradicional em três actos da tragédia grega (Prólogo-Trama-Epílogo). Sete músicas (muito haveria a dizer sobre a simbologia deste número), muita magia, espiritualidade e, sobretudo, paz de espírito, numa composição de rara beleza estética.

Como acima referimos, Phaedra e o seu Blackwinged Night são utilizados em casos de falta de criatividade, ansiedade excessiva e alterações frequentes de humor, de igual modo, sendo aconselhada a quem sofra de retenção mental de humanidade.

Como tomar Phaedra e o seu Blackwinged Night

Tomar a gosto, sem qualquer tipo de condicionante, porque a beleza nunca fez mal a ninguém. Comece por “Lightbeam”, exegese de luzes e cores sonoras que, pelos violinos e tambores, nos guiam “através da noite e do fogo” fazendo lembrar, a dado ponto, uma Bjӧrk nos seus melhores dias. Tambores que prolongam a viagem do “herói” por “Too Much Sugar”, onde o sintetizador se começa a fazer sentir de forma mais acentuada, talvez a batalha esteja próxima, talvez os Persas se aproximem do desfiladeiro das Termópilas…esta é a sonoridade a pender para o épico-doce ou não se tratasse de “Too Much Sugar”…

A aventura segue com “Half-Human”, qual coro grego, traça uma gentil e pacífica narrativa de um coração betonado a sangue, prerrogativa da música que dá nome ao álbum, “Blackwinged Night”. Entra a fazer chorar o violino de forma estridente para, de seguida, dar o salto para o meio de uma floresta nocturna envolta em nevoeiro da qual, vai saindo em passos lentos mas decididos, por entre pequenas poças de água (efeito sonoro aqui muito bem utilizado). Aqui, a voz de Ingvild Langaard, atinge o apogeu, não sendo já som aquilo que sai das suas cordas vocais mas Natureza, assim, com maiúscula que ”não colapsa nas estrelas” como nos conta. Será uma ninfa que nos canta?

Ponto cinco: “The Void”. Quinta faixa do disco, mudança na história sonora. Ao folk etéreo/electrónico (sim, nós também nos armámos em espertinhos com etiquetas parvas) sobrepõe-se agora, uma sonoridade mais contemporânea, a espaços quase pop, que nos leva pelos caminhos do amor, melhor, do final do amor, do vazio que se segue a uma separação com os ecos e as reverberações a dar o tom à voz de Ingvild e a acentuar o drama, também ele quase mitológico: “Now, for all the broken hearts the road twists and bends…eternally…”

A estes trabalhos, que não doze como os de Hércules, temos “Mend Me”. Lamento em forma de procura, procura em formato “imploração” a um deus ou homem qualquer pontuado por tambores que, adiante na música, se transmutam em violinos e piano à medida que as respostas ou as redenções parecem querer aportar. O que chega é a bateria electrónica e os sons siderais que fazem a transição para o épilogo dentro da trama,que é como quem diz última música dentro do segundo álbum da trilogia, “Finally Unfolding”. Redimido o que teve que ser redimido, feita a travessia, volta a sonoridade pacífica/mágica de “Lightbeam” e o fim deste capítulo, capitulo onde tudo se encontra finalmente revelado, por agora…

Efeitos Secundários

Vontade de ouvir novamente Blackedwinged Night, a que se pode seguir um desejo incontrolável de ver séries, filmes ou ler sobre mitologia grega. Dentro deste quador é, também possível, que dado o alto grau de ataraxia, penses em fazer “ninho” no sofá mais próximo.

Posologia

01 Lightbeam
02 Too Much Sugar
03 Half Human
04 Blackwinged Night
05 The Void
06 Mend Me
07 Finally Unfolding
Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com
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