DISCOS
Bruma
Pesadelo EP
· 05 Fev 2016 · 12:12 ·
Bruma
Pesadelo EP
2016
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Bruma
Pesadelo EP
2016
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Bruma
Bruma
Pesadelo EP
2016
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Bruma
Pesadelo EP
2016
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Bruma
Esperar o inesperado.
Oscar Wilde disse-o, Heraclito também, e os Bruma colocam-no à prova naquele que é o seu primeiro EP após uma bela maqueta disponibilizada há dois anos, no seu Bandcamp. O inesperado é, claro está, o jazz que lhes dá corpo às canções, música de sentido improvisacional onde tudo o que poderá acontecer não se encontra visível até nos bater de frente; por outras palavras, aguardamos sempre pelo choque, mas não sabemos o quão violento será, ou em quantos pedaços nos partiremos. Cinco canções depois, a conclusão que chegamos ao escutar Pesadelo é uma só: não estávamos à espera de algo tão inesperado.
O Pesadelo não tem fio condutor; são cinco fragmentos de outros tantos sonhos maus, dois deles repescados a essa demo que despertou a nossa atenção, mas perpassa-o uma aura negativa que começa no groove depressivo de "Bola Oito" e continua pelos gritos presentes no final da faixa. Isto é e não é jazz, mas acima de tudo é uma facada amargurada nos corações das trevas. É black metal. Insanidade expulsa não por guitarras prenhes de reverb, mas por um piano (não que as guitarras não existam - e têm mais em comum com black metal do que com o pós-rock ao qual poderão ser associadas).
Ainda que "Malha" vá buscar algumas orientações à cena jazzística lounge das duas décadas anteriores onde era despudoradamente fixe e gloriosamente banal-chic jantar ao som das Saint-Germain-Des-Prés Café - o que não tem absolutamente mal nenhum - é no pântano que os Bruma sobressaem: a toada MãoMortiana de que falámos aquando da demo continua bastante presente em "Intruso", por exemplo, mas é mesmo o metal sanguino de "Bola Oito" e da também ela repescada "Cobre A Luz" que espelha a gigantesca qualidade dos bracarenses. E não estávamos à espera de algo assim, juramos que não. Por tudo isto, Pesadelo é um EP de um génio aterrorizador - e, por isso, é melhor que se fixem nele antes que acordem.
Paulo CecĂlioO Pesadelo não tem fio condutor; são cinco fragmentos de outros tantos sonhos maus, dois deles repescados a essa demo que despertou a nossa atenção, mas perpassa-o uma aura negativa que começa no groove depressivo de "Bola Oito" e continua pelos gritos presentes no final da faixa. Isto é e não é jazz, mas acima de tudo é uma facada amargurada nos corações das trevas. É black metal. Insanidade expulsa não por guitarras prenhes de reverb, mas por um piano (não que as guitarras não existam - e têm mais em comum com black metal do que com o pós-rock ao qual poderão ser associadas).
Ainda que "Malha" vá buscar algumas orientações à cena jazzística lounge das duas décadas anteriores onde era despudoradamente fixe e gloriosamente banal-chic jantar ao som das Saint-Germain-Des-Prés Café - o que não tem absolutamente mal nenhum - é no pântano que os Bruma sobressaem: a toada MãoMortiana de que falámos aquando da demo continua bastante presente em "Intruso", por exemplo, mas é mesmo o metal sanguino de "Bola Oito" e da também ela repescada "Cobre A Luz" que espelha a gigantesca qualidade dos bracarenses. E não estávamos à espera de algo assim, juramos que não. Por tudo isto, Pesadelo é um EP de um génio aterrorizador - e, por isso, é melhor que se fixem nele antes que acordem.
pauloandrececilio@gmail.com
RELACIONADO / Bruma