DISCOS
The Black Zebra
The worst shit demo EP
· 04 Dez 2015 · 16:23 ·
The Black Zebra
The worst shit demo EP
2015
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- The Black Zebra
The Black Zebra
The worst shit demo EP
2015
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- The Black Zebra
Not the worst shit demo EP.
Eles não batem à porta. Eles deitam a porta abaixo e entram sem pedir licença. Fazem da simbiose entre o post-rock e o post stoner instrumental o seu cartão de apresentação e prometem, prometem muito. Monocromática só a zebra, preta, que perdeu o branco angelical num riff de guitarra algures entre uma corrida numa sanzala e um concerto no Indie Music Fest.

Nascidos na selva urbana portuense, os Black Zebra são o encontro entre a ácida guitarra de Nuno Machado e a frenética, hipertensa bateria de Hugo, também Machado de seu nome, irmãos no sangue, irmãos na música. Esta “zebra preta” acaba de dar à luz o seu primeiro rebento, pequeno como quem ainda tem de crescer; forte como que augurando uma vida longa entre os “predadores” da cena musical.

The worst shit demo EP é o nome da criatura e já bateu o capim do Indie Music Fest de Paredes, Maus Hábitos e de Guimarães, só para citar alguns exemplos. De “Atram (pulso)" a “Chain”, passando pela “Eco” e a “Lupiter” o animal levanta-se, tenta equilibrar-se, enfrenta os medos e corre, primeiro lento como quem observa uma paisagem nova, depois decidido como que o leão que ronda não passe já de um gatinho.

Misturam influências que passam por Mogwai ou Explosions in the Sky, de resto a sua maior fonte de inspiração, com Dead Combo (particularmente em “Chain”), que culminam num caminho repleto de paisagens mentais de rara força e beleza para quem, como eles, apresentam um Cartão de Cidadão onde se pode ler 21 anos (Nuno) e 15 anos (Hugo).

Há, no entanto, um longo trabalho de apuramento estético e melódico a ser feito. A “história sem palavras” é, como já referi, forte, original e coerente, faltando-lhe, contudo, um maior corpo melódico que abra maiores possibilidades ao enredo. Menos voracidade, voracidade que se entende à luz da idade, e mais “storytelling” que alargue a paisagem até um horizonte indiscernível.

Apesar do que foi escrito anteriormente, este curta duração tem o condão de nos fazer querer mais, mais histórias da savana onde esta exótica “zebra preta” promete correr e fazer-nos correr no nosso imaginário durante longos e bons anos.
Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com
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