O alemão Niko Schabel despertou em 2015 e achou que havia algo a acrescentar à sua obra. The Night & The City é o regresso ao quarto escuro da especulação: e volta-se a remexer na extensa matéria afro, jazz, hip-hop, samba, soul. MPC e software XP são meras ferramentas. Nada inventam por si. A direcção estética compete ao produtor, que tem de estabelecer prioridades conceptuais.

Nove anos volveram-se sobre Berlin Serengeti – um joguete de samplagens inteligente, intrigante –, erguido por um homem simples que se excedeu a diluir tradição e modernidade, apresentando programação organizada sem abdicar do elemento orgânico - que conduziu a uma sóbria poesia onírica. Depois do disco inaugural e de Hope And Despair (2010) - que não foi desinteressante, mas pouco surpreendeu -, o que há a acrescentar à dialéctica deste homem que sonha com a música do mundo: o que tem The Night & The City a dizer nestes nossos dias?

Pouco. Cinco anos se passaram desde o último trabalho – tempo suficiente para reflexões profundas. Mas The Night & The City apresenta-se escasso em ideias frescas; o saber produzir paira neste disco – “Shores”, o tema que abre a obra, ergue-se como uma canção enorme –, mas falta condimento, um travo provocador, um rasgo alargado que nos proporcione um arrebatamento mínimo. The Night & The City não ofende os nossos ouvidos, mas há algum mofo que...