DISCOS
dreamweapon
dreamweapon
· 05 Mai 2015 · 15:18 ·
dreamweapon
dreamweapon
2015
Lovers & Lollypops


Sítios oficiais:
- Lovers & Lollypops
dreamweapon
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2015
Lovers & Lollypops


Sítios oficiais:
- Lovers & Lollypops
Para lá do corpo.
Na página do Liverpool Psych Fest lê-se que muito pouco se sabe sobre os dreamweapon (o quarteto do Porto passa pelo festival em Setembro) e este misticismo, que se percebe, fica-lhes bem. Informalmente constituídos há quase seis anos, só nos últimos doze meses é que começaram a surgir com mais fulgor na cena nacional. Primeiro os concertos estelares, depois um EP que conseguia ser denso mas ao mesmo tempo etéreo, e em 2015 um disco homónimo que os catapulta para o topo do psych feito em solo nacional.

Não precisávamos deste disco para admirar os dreamweapon – essa tarefa cabe às aparições ao vivo, verdadeiras experiências que ora nos deixam sem fôlego, ora nos embebem num torpor opiáceo que não dá para abandonar. Mas precisávamos deste disco para confirmar que há neles uma espécie de dimensão extra, totalmente sensorial, da qual vamos acabar a precisar como pão para a boca (ou como um viciado precisa da sua dose) para passar mais um dia.

dreamweapon é de certa forma um cocktail de sensações destinado para os sentidos. Qual banda sonora imaginada para musicar uma trip, o disco oscila naturalmente entre o relaxado e o eufórico. Duas ideias aparentemente opostas, mas que se complementam de forma natural graças ao pacífico jogo de xadrez entre o manancial ébrio de guitarras e baixo (tão melódico quanto subversivo), vozes xamânicas, ruídos vários e uma bateria metronómica (muitas vezes num trance que só a espaços recorre aos pratos) cujo papel parece ser, acima de tudo, o de apontar o caminho a seguir.

Expansivo é outro termo que assenta ao som e ao caldeirão de influências do grupo. Dos Spacemen 3, aos The Cosmic Dead, aos Ash Ra Temple, parece encontrar-se um pouco de tudo na minuciosa manta de retalhos que compõe exploração sónica e que em momentos como 'Spirits Rain' ou 'Stir' proporciona uma experiência mui fluida, em tudo semelhante a uma viagem extra-corporal. Este texto não pode acabar sem duas vénias: a primeira para a capa (uma espécie de mapa de uma psique imaginada) e a segunda para a produção/masterização, responsáveis por conceber um disco que não foi feito para ouvir alto - e isto é um elogio -, mas antes num meio-volume quase hipodérmico. Porque no fundo, este disco é uma obra para todos os sentidos.
António M. Silva
ant.matos.silva@gmail.com
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