DISCOS
Lewis
Hawaiian Breeze
· 19 Fev 2015 · 12:33 ·
Lewis
Hawaiian Breeze
2015
Fiasco Bros. Studios
Lewis
Hawaiian Breeze
2015
Fiasco Bros. Studios
O diamante continua a ser polido.
Enquanto durar o mito e a música, Lewis continuará a estar nas bocas de quem se interessa por mistérios, pelo que a história teimou em não contar. O fascínio por L'Amour ainda gera discussão, mas não menos relevantes são os discos que Randall Wulff fez ao longo da carreira, sendo que para já se conhecem quatro: o supracitado, Romantic Times, Love Ain't No Mystery e agora este Hawaiian Breeze, do qual pouco ou nada se sabe senão que foi gravado no mesmo estúdio que o último. O puzzle encanta e reencanta.

Não apenas o puzzle, mas também as canções. Hawaiian Breeze mostra-nos um som mais polido, distante da fantasmagoria de L'Amour e quiçá mais entregue aos excessos dos anos oitenta: ouve-se uma guitarrada metálica, azeitola, nos instantes finais de "My Love Has Gone Away", com um coro feminino a imitar o seu melhor "Great Gig In The Sky"; ouve-se o sintetizador mágico do primeiro disco em "I Was Not Shy", mas já com Lewis a soltar a sua voz, por oposição a balbuciar o verso; ouve-se sopros, o mesmo coro, ukulele em "Have You Ever Known Sorrow". E tudo isto é, como não podia deixar de ser, maravilhoso.

Lewis é daqueles corpos estranhos que a indústria musical não consegue prever ou catalogar. É objecto de culto de centenas de carolas dispostos a percorrer lojas e fóruns online em busca da next tiny big thing, um vácuo na memória de uma década distante. Sabe-se já quem é; não se sabe - por respeito, e compreendamo-lo tanto quanto o aceitamos - de onde veio ou para onde vai. E também não se sabe que ímpeto foi este de esconder no mundo discos tão bonitos como aqueles que até agora foram localizados, com muitos mais, diz-se, ainda por vir. Quanto a Hawaiian Breeze: será disco obrigatório quando chegar o calor.
Paulo CecĂ­lio
pauloandrececilio@gmail.com
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