Olhando para The Innocents, o segundo disco de Weyes Blood, o que chama mais atenção é o seu processo, o seu argumento, a sua construção. Os seus dez temas estão ligados essencialmente pela voz profunda e dramática de Natalie Mering mas tudo o resto anda como que à deriva, em constante descoberta, numa mutação consecutiva.

Quer isto dizer, e para sermos um pouco mais práticos, indo directamente ao assunto, que The Innocents é uma espécie de manta de retalhos que vai buscar tecido à folk (a maior parte das canções deste dico são consetruídas na guitarra acústica) mas também à música sacra, ao rock, ao experimentalismo, aos sintetizadores e onde apetecer à irrequieta imaginação de Natalie Mering.

Isto podia facilmente ter corrido tudo muito mal mas, de alguma forma, no final de contas, tudo isto faz sentido. As divagações encantatórias de Natalie Mering resultam numa espécie de feitiço que, tirando dois ou três momentos menos conseguidos, resulta por sua vez num disco aparentemente inesgotável. Perdido no tempo mas não no espaço. Deixemo-nos apanhar pelos charmes misteriosos de Weyes Blood, pois então.