Dizer que os Constantina são "apenas" banda de pós-rock (apesar da conhecida abertura do género) seria demasiado injusto para uma banda que assume há anos a metamorfose como modo de vida e criação. E isso torna-se ainda mais revelador quando se tem a oportunidade de ver a banda brasileira explicar essa missão em cima de um palco.

Pelicano, o mais recente lançamento dos brasileiros numa carreira de mais de dez anos, é mais uma prova viva desse desejo de reinvenção. Ao longo de quatro longos temas (o mais pequeno está na casa dos sete minutos, o mais longo nos dezassete), os Constantina constroem quatro habitações, portos de abrigo, locais seguros, chamem-lhes o que quiserem.

O querer fazer sempre mais e diferente e a inquietude dos Constantina têm numa electrónica estranhamente orgânica, na percussão abundante e nos encontros abundantemente melódicos entre guitarras um lugar de imensa criatividade e, por que não dizê-lo, beleza. Ponham bem os olhos neste disco; o mais certo é que na próxima vez que ouçam falar dos Constantina eles estejam irreconhecíveis.