Estávamos no final dos anos 90 e os To Rococo Rot davam o primeiro concerto em Nova Iorque. Na plateia estava Arto Lindsay, que se tornou - logo ali - um confesso admirador do trabalho de Ronald e Robert Lippok e Stefan Schneider. Tanto anos depois, Arto Lindsay transforma-se de entusiasta a colaborador. A música é, de facto, todo um mundo de possibilidades.

Posto isto, e porque a oportunidade obriga os "ladrões" a algumas diligência, os To Rococo Ro foram forçados a algumas adaptações neste processo. Algo que certamente não terá custado nada, considerando que isso possibilitou ter a voz de Arto Lindsay em três dos temas deste Instrument, "Many discriptions", "Classify" e "Longest Escalator In The World".

Felizmente, tudo aconteceu sem vestígios alguns de possíveis danos colaterais: nessas três canções, e em todo o disco, o ADN reconhecível dos To Rococo Rot continua intacto mesmo que isso implique aproximar as suas explorações do formato canção, com tudo o que isso possa significar.

Quando a voz de Arto Lindsay não está presente, é ver os To Tococo Rot serem eles mesmos: uma máquina exploratória da boa fricção que se pode criar entre a música electrónica, o pós-rock e o krautrock. E porque quem sabe nunca esquece, Ronald e Robert Lippok e Stefan Schneider conseguiram em Instrument um pequeno monumento. Não deve ser exagero nenhum; este é um dos melhores discos da carreira dos alemães. Denso e complexo mas ao mesmo tempo acessível e hospitaleiro. Uma grande vitória.