Embora o seu nome possa não dizer muito a muitos, Joan Shelley tem vindo a construir um percurso que a coloca entre os nomes mais interessantes da música folk norte-americana; disco após disco, canção após canção, num trajecto que a levará inevitavelmente a um reconhecimento mais alargado. Argumentos não lhe faltam.

O som de Electric Ursa, como o seu título parece indicar, é provavelmente o mais "eléctrico" (com todas as aspas possíveis) da sua carreira; mais sonoro, digamos. E no entanto as suas canções são totalmente puras, frágeis no seu melhor sentido, e brilhantes no seu sentido mais literal (ou, vá lá, em ambos). Mesmo no meio de alguma electricidade, quando a há, pouca e reservada, sobressai sempre a sua voz maravilhosa, mais pura que a neve, redentora.

É possível que seja preciso acrescentar agora o sufixo rock ao já existente folk. Mas isso não parece mudar nada na missão da norte-americana. São apenas oito canções mas são todas grandiosas. Sem excepção. Mesmo que uma seja apenas meia-canção. Mesmo que deixe fome de mais. Se há motivos para ouvir canções eles estão todos neste Electric Ursa, um disco verdadeiramente imersivo e completo. Glorioso. É imperativo que o mundo ponha ouvidos na voz de Joan Shelley.