O que o título do novo disco de Hauschka não disser a música que consta nele dirá certamente. Abandoned Cities soa assim; como uma banda-sonora de cidades deixadas para trás ou de um cenário pós-apocalíptico. E soa gloriosamente belo, superiormente arquitecturado, ainda que se construa a partir de imagens de decadência e destruição.

Neste disco, o alemão Volker Bertelmann explora duas coisas que lhe são queridas: o piano preparado (googlem ou youtubem se isto não vos disser coisa alguma) e a música electrónica. Mas, mais importante ainda, funde as duas “disciplinas” de uma forma intensa e quase sempre sábia. O resultado é, sem surpresas, entusiasmante.

“Elizabeth Bay”, o fabuloso tema que abre o disco, funciona quase como um trailer: faz-se de melodias de piano “pesadas”, camadas electrónicas densas e “polirritmias” várias. Nos seus quase seis minutos, ilustra na perfeição a intensidade de um disco como Abandoned Cities. Ao contrário do que acontece com alguns filmes, a obra completa faz toda a justiça ao que é prometido pelo trailer.