DISCOS
Pixies
Indie Cindy
· 13 Mai 2014 · 10:49 ·

Pixies
Indie Cindy
2014
Pixies Music
Sítios oficiais:
- Pixies
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2014
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Crises de meia-idade nunca fizeram bem a ninguém.
Os leitores desta nobre webzine que tenham cursado psicologia talvez saibam responder à pergunta que se impõe: porque é que um ícone do rock alternativo decide reformar a banda com a qual obteve relativo sucesso na sua juventude, sabendo de antemão que encheu mais a história do que a conta bancária, agarrando-se desesperadamente ao estatuto que ainda detinha enquanto figura de proa de um universo que salvou vidas? É a isto que chamam de crise de meia-idade? Ou é uma vontade (assumidamente humana, ressalve-se) de permanecer relevante num contexto que os anos vão apagando à medida que correm? Porque é que Black Francis não recorreu simplesmente às suas poupanças e comprou um Ferrari ou arranjou uma mulher mal entrada na casa dos vintes?
São questões que se impõem apenas porque os Pixies editaram um disco novo vinte e três anos após Trompe Le Monde, um gesto que tresanda a desespero criativo - não por ser apenas um disco mau, que o é, mas porque os Pixies poderiam perfeitamente cavalgar a onda retro e dar concertos esgotados por todo o mundo recorrendo apenas a canções como "Debaser", "Hey" ou "Where Is My Mind?". Indie Cindy é um objecto demasiado horrível para merecer ter na capa a indicação "Pixies". Começando logo pelo título, o tiro mais ao lado dos últimos anos a seguir à contratação para treinador de um certo Paulo Fonseca: soa demasiado a frustração, à tentativa de se ser hip num mundo que já não encara a coolness como um factor essencial (sem mencionar que discutir, ou criar barreiras entre, indie e mainstream em pleno 2014 é pura e simplesmente idiota).
Fosse esse o mal menor do quinto disco dos norte-americanos. Que nem é bem um disco: mais uma colectânea de três EPs que a banda vinha lançando desde o ano passado. Ou seja, uma mera rodela ou .zip contendo doze canções, por contraste com qualquer tipo de statement artístico, a não ser que o objectivo dos Pixies seja o de ser apenas "os Pixies", e não a banda que encantou tantos milhares de jovens alienados. Um falso best of que transmite a ideia de que estar é melhor do que existir, respirar é melhor do que viver. E tal sentimento deveria arrepiar qualquer fã de música que se preze - a não ser que o fascismo tenha realmente ganho e ninguém deu por ela. Os vencedores reescrevem a história, afinal de contas.
Não lhe bastava ser uma colectânea, é uma colectânea que nada de novo acrescenta ao longo historial dos Pixies e que pode até muito bem retirar alguma da magia ao nome que escreveu clássicos como Doolittle. Do início ao fim, um som insípido que seria enervante se não nos aborrecesse tanto, como se escutássemos uma banda de versões dos Pixies ou uma paródia cómica do estilo do grupo. Nada de que não estivéssemos já à espera, pois havíamos ouvido os EPs em questão. Indie Cindy não figurará em listas de piores do ano ou nada que se pareça pois para todos os efeitos é o equivalente em disco a um flácido pénis geriátrico. Poder-se-ia pensar que as guitarras têm o mesmo efeito que o Viagra; neste caso, não passam de uma fralda. Que vergonha.
Paulo CecílioSão questões que se impõem apenas porque os Pixies editaram um disco novo vinte e três anos após Trompe Le Monde, um gesto que tresanda a desespero criativo - não por ser apenas um disco mau, que o é, mas porque os Pixies poderiam perfeitamente cavalgar a onda retro e dar concertos esgotados por todo o mundo recorrendo apenas a canções como "Debaser", "Hey" ou "Where Is My Mind?". Indie Cindy é um objecto demasiado horrível para merecer ter na capa a indicação "Pixies". Começando logo pelo título, o tiro mais ao lado dos últimos anos a seguir à contratação para treinador de um certo Paulo Fonseca: soa demasiado a frustração, à tentativa de se ser hip num mundo que já não encara a coolness como um factor essencial (sem mencionar que discutir, ou criar barreiras entre, indie e mainstream em pleno 2014 é pura e simplesmente idiota).
Fosse esse o mal menor do quinto disco dos norte-americanos. Que nem é bem um disco: mais uma colectânea de três EPs que a banda vinha lançando desde o ano passado. Ou seja, uma mera rodela ou .zip contendo doze canções, por contraste com qualquer tipo de statement artístico, a não ser que o objectivo dos Pixies seja o de ser apenas "os Pixies", e não a banda que encantou tantos milhares de jovens alienados. Um falso best of que transmite a ideia de que estar é melhor do que existir, respirar é melhor do que viver. E tal sentimento deveria arrepiar qualquer fã de música que se preze - a não ser que o fascismo tenha realmente ganho e ninguém deu por ela. Os vencedores reescrevem a história, afinal de contas.
Não lhe bastava ser uma colectânea, é uma colectânea que nada de novo acrescenta ao longo historial dos Pixies e que pode até muito bem retirar alguma da magia ao nome que escreveu clássicos como Doolittle. Do início ao fim, um som insípido que seria enervante se não nos aborrecesse tanto, como se escutássemos uma banda de versões dos Pixies ou uma paródia cómica do estilo do grupo. Nada de que não estivéssemos já à espera, pois havíamos ouvido os EPs em questão. Indie Cindy não figurará em listas de piores do ano ou nada que se pareça pois para todos os efeitos é o equivalente em disco a um flácido pénis geriátrico. Poder-se-ia pensar que as guitarras têm o mesmo efeito que o Viagra; neste caso, não passam de uma fralda. Que vergonha.
pauloandrececilio@gmail.com
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