Ao longo dos últimos anos, os Wild Beasts têm vindo a construir uma carreira a partir de um som que, goste-se ou não, e há muita gente que não os quer ver nem pintados, pertence-lhes. A sua marca distintiva pode ser ouvida à distância. A cada disco, a banda britânica parece acrescentar mais uma camada de complexidade a esse som, adiando o momento em que a fórmula se esgota. Temeu-se que esse momento pudesse ter chegado com o belíssimo Smother mas era só um falso alarme. E ainda bem.

Present Tense, o quarto disco dos Wild Beasts, é um encher de peito. De ar, de grandeza, de dever cumprido. A beleza lírica dos Wild Beasts consegue mais uma vez manifestar-se em onze canções, cravando na história mais um episódio de feliz concretização. Entre as muitas vitórias deste disco, o uso de sintetizadores, mais presentes e dominadores do que nos três discos anteriores, destaca-se pela forma como dá a uma boa parte das canções uma maior profundidade, uma segunda pele.

O som dos Wild Beasts continua a soar épico, celebratório, grandioso, exagerado, inflamado. Canções como “Wanderlust”, “Nature Boy”, “Sweet Spot” ou “Daughters” soam impressionantes na sua ambição, no som definido até ao último detalhe, na fluidez melódica e textural, na facilidade como se agigantam emocionalmente. E às vezes da forma mais simples possível: "New life", por exemplo, faz-se com um par de linhas de sintetizadores, uma batida tipo ritmo cardíaco, e uma guitarra tímida e um coro de vozes. Sem ser uma canção no seu formato mais habitual, é uma das melhores deste disco. Present Tense podia muito bem ter sido o último fôlego da epopeia dos Wild Beasts mas não é. É o passaporte para mais uma viagem.