DISCOS
Capitão Fausto
Pesar o Sol
· 12 Mar 2014 · 18:28 ·
Capitão Fausto
Pesar o Sol
2014
Sony Music


Sítios oficiais:
- Capitão Fausto
- Sony Music
Capitão Fausto
Pesar o Sol
2014
Sony Music


Sítios oficiais:
- Capitão Fausto
- Sony Music
Todos os mitos do rock num disco de e para sempre.
Há bandas grandes, há bandas boas, e há bandas de culto. Os Tame Impala não são uma banda gigante, para encabeçar festivais, são bons, aqui e ali muito bons, mas estão longe de ter descoberto a pólvora – são, contudo, uma banda de um atípico culto, fazendo chegar a novas gerações bons ensinamentos rock de tempos passados. Os Tame Impala potenciaram nos últimos anos a redescoberta do psicadelismo eletrificado do qual os Capitão Fausto são o melhor exemplo português.

Num parágrafo está despachado o inevitável, a referência à conjuntura do psicadelismo na esfera indie global e as referências aos inevitáveis Tame Impala. Espaço, portanto, para apontar a mira em absoluto para Pesar o Sol, segundo álbum dos lisboetas Capitão Fausto, sucedâneo de Gazela, editado há dois anos e algo. Espaço total, portanto, para um porradão de elogios: Pesar o Sol é uma pedrada no charco e um disco de uma urgência absoluta de contemplação.

Intemporal na sua escrita, Pesar o Sol poderia ser de 1967 como, adivinhamos, de 2043. Está aqui o imortal e a garantia de panteão: grandes canções, inteligência, destreza, ritmos e abanões, surpresas e oscilações de quem aparenta seguir um padrão de escrita para logo o desconstruir – e tudo com um sucesso pleno que só adivinhávamos possível em bandas com muita tarimba, não em rapaziada na casa das 20 e poucas primaveras.

“Tui” é a grande canção do álbum, embora “Ideias” seja a mais imediata e os singles “A Célebre Batalha de Formariz”, “Litoral” e “Maneiras Más” perfeitos momentos de simbiose talento/potencial radiofónico. Onde os Capitão Fausto do primeiro álbum reclamavam gingar com refrães certeiros, os presentes obrigam à contemplação e pedem sentidos bem alerta – diversas e longas audições depois, há novos elementos que julgávamos inexistentes, e o adensar de um primeiro impacto de brutal pertinência disto tudo.

Os Capitão Fausto são a banda certa no tempo certo, sendo que esse tempo parte e acaba no intemporal – seja no imaginário, nas canções, ou, tão ou mais importante, no espírito de permanente fascínio por isto a que se chama rock’n’roll. Os Capitão Fausto pariram um disco intemporal. Longa vida aos Capitão Fausto, que Pesar o Sol já garantiu a imortalidade.
Pedro Primo Figueiredo
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