DISCOS
Mogwai
Rave Tapes
· 10 Mar 2014 · 10:58 ·
Mogwai
Rave Tapes
2014
Rock Action


Sítios oficiais:
- Mogwai
Mogwai
Rave Tapes
2014
Rock Action


Sítios oficiais:
- Mogwai
A estrada mais viajada ganhou novas faixas.
Declaração de intenções: nada me entusiasma tanto relativamente ao Primavera Sound Porto como a perspectiva de assistir a concertos de Mogwai e Godspeed You! Black Emperor no mesmo dia. Não é que sejam as únicas coisas boas do cartaz. Longe disso. Simplesmente são, não só duas das bandas mais importantes da minha formação melómana, como sei o que valem ao vivo. Por isso, quem estiver a tocar a mesma hora que me desculpe, mas só vai haver cabeça (e tronco, e membros, e gritos) para os escoceses e para os canadianos.

Rave Tapes tem muito do que nos habituámos a percepcionar como sendo Mogwai, desde os tempos de Ten Rapid e Mogwai Young Team”(e já lá vão tantos anos…). E muitas vezes embrulha esses sons em novidades, sobretudo ao nível da forma como sao utilizados os sintetizadores. Sem que percamos a noção de, lá está, músicas como “Hexon Bogon” e “Master Card” irem provavelmente resultar óptimas ao vivo, a verdade é que a curiosidade-mor de Rave Tapes mora em músicas como “Remurdered”, “Simon Ferocious” ou “No Medicine For Regret”. Se, no princípio, as passagens das guitarras para o campo da distorção e do volume máximo apanhavam de surpresa, qual Brad Pitt a queimar a mão de Edward Norton em “Fight Club”, agora a cena é mais aquela em que Norton larga o volante e sabe que o carro vai-se despistar, provocando ansiedade e expectativa mesmo na ausência de incerteza. Isto falando, diga-se, apenas das amigas das 6 cordas, pois ”Rave Tapes” é o disco dos Mogwai onde as teclas mais predominam.

Quando uma banda veterana combina uma parte também veterana do seu som, com outra mais recente, daí podem resultar híbridos disformes e inaudíveis. Viviseccões com costuras a vista. No caso de ”Rave Tapes”, a mestria dos Mogwai em recorrer a retrotronica, ou até aos Boards Of Canada (“Remurdered”) deixa tudo tão perfeito e imperceptível a olho nu como a mão mecânica de Luke Skywalker. Hoje em dia, os escoceses são mais uma banda que constrói maravilhosas obras arquitectónicas, ao invés de as implodir de repente. E, embora haja andares mais, digamos, “funcionais” nessas obras, não deixam de ser habitações de luxo.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com
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