DISCOS
Lee Bannon
Alternate/ Endings
· 10 Fev 2014 · 11:38 ·

Lee Bannon
Alternate/ Endings
2014
Ninja Tune
Sítios oficiais:
- Lee Bannon
- Ninja Tune
Alternate/ Endings
2014
Ninja Tune
Sítios oficiais:
- Lee Bannon
- Ninja Tune

Lee Bannon
Alternate/ Endings
2014
Ninja Tune
Sítios oficiais:
- Lee Bannon
- Ninja Tune
Alternate/ Endings
2014
Ninja Tune
Sítios oficiais:
- Lee Bannon
- Ninja Tune
E não haja receio da nostalgia guiar os sentidos, se ela trouxer magia à nossas vidas, porquê recusá-la?
Será a nostalgia a mover Lee Bannon nestes dias em que muitos fazem fé numa segunda vinda do jungle e do drum n´bass? Absolutamente. E nem parece haver espaço para qualquer outra ideia já que o próprio Lee confessa que Timeless de Goldie é uma das suas grandes inspirações. E não admira que o seja: mesmo volvidos vinte anos sobre o debutante do homem com os dentes de ouro, há um distinto odor de intemporalidade em toda aquela música; há aquele toque de génio que gera mais-valia, toda aquela singular matéria de que os clássicos são feitos.
Alternate/ Endings é Lee Bannon fora da sua área de habitual actividade a tentar provar que o drum n´bass não tem de viver num pântano, que é possível encontrar um veio de água fresca capaz de renovar as águas paradas e fedorentas. É um derradeiro esforço para puxar pelo género, força-lo a sair da zona de conforto pela estratégia do regresso às raízes, que ainda vai sendo a melhor forma de encontrar uma nova plataforma que permita novas abordagens. E é o que acontece por aqui sem quaisquer outras pretensões.
O resultado final não é uma abordagem verdadeiramente original; é, sim, um assalto despreocupado a um conjunto de memórias que caracterizaram o género fundindo-as com alguns maneirismos do presente. Da mesma forma que Jungle Revolution (2013) de Congo Natty não se apresentou como a reinvenção do jungle; ou, mais distante, Where Were U in 92? (2009) de Zomby não foi mais que um pequeno e isolado exercício revivalista hardcore techno, Alternate/ Endings tem de ser encarado mais como uma homenagem caprichosa do que propriamente um disco repleto de novidades capazes de despertar um novo encanto pela linguagem.
Alternate/ Endings é drum n´bass para quem gosta de drum n´bass, mas não tem pachorra para as merdas do presente – até In Session de LTJ Bukem, editado no fim de 2013, uma das raras e dignas montras de variedade estilística do género, foi incapaz de evitar alguns bocejos.
Lee arquitecta música para a alma e não para o corpo. Propõe-se a uma viagem capaz de estimular o espírito, e fá-lo encontrando um equilíbrio delicado entre a dinâmica cardíaca – o ritmo é ocasionalmente frenético mas nunca se perde em delírios – e o controlado doseamento da melancolia – ambientes nocturnos deprimentes, vozes lamuriantes, melodias a insuflar fluido cósmico até à ebriedade. Há ecos de Machinedrum ou Flying Lotus – afinal hip-hop enviesado é (era?) a sua praia. Há o fantasma de Goldie a pairar constantemente. Há Burial aqui e ali quando há necessidade de manipular vozes e as tornar encantadoramente fantasmagóricas. Há grandes malhas que levantam os pelos do braço: “NW/WB”, “Perfect/Dvision” ou “Cold/Melt”. Há os temas menos conseguidos: “Readly/Available” ou “Prime/Decent”. Mas há equilíbrio neste pertinente alinhamento simplesmente porque o autor corre com gosto, dedicação, e no fim transpira personalidade. E que mais é preciso para se ter um bom disco?
Rafael SantosAlternate/ Endings é Lee Bannon fora da sua área de habitual actividade a tentar provar que o drum n´bass não tem de viver num pântano, que é possível encontrar um veio de água fresca capaz de renovar as águas paradas e fedorentas. É um derradeiro esforço para puxar pelo género, força-lo a sair da zona de conforto pela estratégia do regresso às raízes, que ainda vai sendo a melhor forma de encontrar uma nova plataforma que permita novas abordagens. E é o que acontece por aqui sem quaisquer outras pretensões.
O resultado final não é uma abordagem verdadeiramente original; é, sim, um assalto despreocupado a um conjunto de memórias que caracterizaram o género fundindo-as com alguns maneirismos do presente. Da mesma forma que Jungle Revolution (2013) de Congo Natty não se apresentou como a reinvenção do jungle; ou, mais distante, Where Were U in 92? (2009) de Zomby não foi mais que um pequeno e isolado exercício revivalista hardcore techno, Alternate/ Endings tem de ser encarado mais como uma homenagem caprichosa do que propriamente um disco repleto de novidades capazes de despertar um novo encanto pela linguagem.
Alternate/ Endings é drum n´bass para quem gosta de drum n´bass, mas não tem pachorra para as merdas do presente – até In Session de LTJ Bukem, editado no fim de 2013, uma das raras e dignas montras de variedade estilística do género, foi incapaz de evitar alguns bocejos.
Lee arquitecta música para a alma e não para o corpo. Propõe-se a uma viagem capaz de estimular o espírito, e fá-lo encontrando um equilíbrio delicado entre a dinâmica cardíaca – o ritmo é ocasionalmente frenético mas nunca se perde em delírios – e o controlado doseamento da melancolia – ambientes nocturnos deprimentes, vozes lamuriantes, melodias a insuflar fluido cósmico até à ebriedade. Há ecos de Machinedrum ou Flying Lotus – afinal hip-hop enviesado é (era?) a sua praia. Há o fantasma de Goldie a pairar constantemente. Há Burial aqui e ali quando há necessidade de manipular vozes e as tornar encantadoramente fantasmagóricas. Há grandes malhas que levantam os pelos do braço: “NW/WB”, “Perfect/Dvision” ou “Cold/Melt”. Há os temas menos conseguidos: “Readly/Available” ou “Prime/Decent”. Mas há equilíbrio neste pertinente alinhamento simplesmente porque o autor corre com gosto, dedicação, e no fim transpira personalidade. E que mais é preciso para se ter um bom disco?
r_b_santos_world@hotmail.com
RELACIONADO / Lee Bannon