DISCOS
Marissa Nadler
July
· 06 Fev 2014 · 19:32 ·
Marissa Nadler
July
2014
Sacred Bones Records
Sítios oficiais:
- Marissa Nadler
- Sacred Bones Records
July
2014
Sacred Bones Records
Sítios oficiais:
- Marissa Nadler
- Sacred Bones Records
Marissa Nadler
July
2014
Sacred Bones Records
Sítios oficiais:
- Marissa Nadler
- Sacred Bones Records
July
2014
Sacred Bones Records
Sítios oficiais:
- Marissa Nadler
- Sacred Bones Records
As mulheres estão de coração partido.
No meio do negrume existe sempre uma luz por mais ténue que seja. Assim nos mostra a capa de July, o sétimo disco da norte-americana Marissa Nadler. Assim nos mostram as suas canções, lágrimas folk escorrendo pela face de alguém que ama. Porque este, como todos os discos de alguém encafuado na sua própria desolação, é um disco sobre o amor. Aliás: procuram o amor todos os desolados. Procura-o Marissa Nadler, no arrulhar com que inicia "Drive". Waiting for the light, repetido três vezes, três vezes cristãs antes de nos conduzir, pardon the pun, por quarenta e seis minutos de poesia.
E é impossível falar dos poemas - e da voz - de Marissa Nadler sem referir Hope Sandoval, a grande escritora do romance melancólico rock n' roll. A mesma sensualidade, a mesma tristeza prenhe de esperança, essa saudade cantada pela grande paisagem americana - a que não é feita de naus em alto mar mas de terra e poeira deserto fora, Destino Manifesto do coração apaixonado. "Firecrackers", a dos ecos em tom de rebuçado enquanto uma guitarra acústica pernoita suavemente sob a canção, é a dedicatória mais bonita a um ex-amante que ouvimos nos últimos anos. Segue-se a mentira de "We Are Coming Back", cantada como quem sabe que é mentira mas teme contá-lo ao mundo. A dor de Nadler é a dor de todos nós, já fomos (somos) apaixonados, loucos, já nos mentimos e re-mentimos.
As mulheres estão de coração partido, apetece-nos escrever. No ano passado foi Sandoval e Scout Niblett; este ano há Angel Olsen e Marissa Nadler. E como nada dói mais do que o amor de uma mulher, nada ataca mais que esta sucessão de discos. July é apenas o mais recente da fornada depressão que a folk de raiz norte-americana tem enviado para o mundo. Gostamos, nós os de Camões, porque é fado. Gostarão os demais porque é Humano. De um disco repleto de excelentes canções de ponta a ponta, a que sobressai mais até é aquela que faz uma pausa no velório e encara o futuro de frente; "Nothing In My Heart", a fechar o disco em toada tão alegre quanto possível e a entregá-la novamente aos braços do que há-de vir, frustrada que está a tentativa anterior. A luz que bate na janela de Nadler, portanto. Maybe it's the weather but I got nothing in my heart... talvez, talvez o seja. Mas depois da tempestade vem sempre a bonança.
Paulo CecílioE é impossível falar dos poemas - e da voz - de Marissa Nadler sem referir Hope Sandoval, a grande escritora do romance melancólico rock n' roll. A mesma sensualidade, a mesma tristeza prenhe de esperança, essa saudade cantada pela grande paisagem americana - a que não é feita de naus em alto mar mas de terra e poeira deserto fora, Destino Manifesto do coração apaixonado. "Firecrackers", a dos ecos em tom de rebuçado enquanto uma guitarra acústica pernoita suavemente sob a canção, é a dedicatória mais bonita a um ex-amante que ouvimos nos últimos anos. Segue-se a mentira de "We Are Coming Back", cantada como quem sabe que é mentira mas teme contá-lo ao mundo. A dor de Nadler é a dor de todos nós, já fomos (somos) apaixonados, loucos, já nos mentimos e re-mentimos.
As mulheres estão de coração partido, apetece-nos escrever. No ano passado foi Sandoval e Scout Niblett; este ano há Angel Olsen e Marissa Nadler. E como nada dói mais do que o amor de uma mulher, nada ataca mais que esta sucessão de discos. July é apenas o mais recente da fornada depressão que a folk de raiz norte-americana tem enviado para o mundo. Gostamos, nós os de Camões, porque é fado. Gostarão os demais porque é Humano. De um disco repleto de excelentes canções de ponta a ponta, a que sobressai mais até é aquela que faz uma pausa no velório e encara o futuro de frente; "Nothing In My Heart", a fechar o disco em toada tão alegre quanto possível e a entregá-la novamente aos braços do que há-de vir, frustrada que está a tentativa anterior. A luz que bate na janela de Nadler, portanto. Maybe it's the weather but I got nothing in my heart... talvez, talvez o seja. Mas depois da tempestade vem sempre a bonança.
pauloandrececilio@gmail.com
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