Depois do sucesso de Canções de apartamento, o brasileiro Cícero quis sair do casulo e experimentar. Quis celebrar a sua liberdade. Quis não sucumbir ao sucesso, quis não repetir a fórmula. E deu-se bem com o risco. Sábado, um disco auto-produzido à semelhança do seu anterior, é um retumbante sucesso da música caseira.

O processo de Sábado é em tudo semelhante ao do anterior Canções de apartamento: canções soltas, com pouca preocupação na produção, reduzidas ao essencial. O que se perdeu em inocência ganhou-se em profundidade, o que se perdeu em conforto ganhou-se em complexidade. Sábado é Cícero a dizer que não quer repetir-se.

Há várias coisas notáveis num disco como Sábado; uma das mais notórias é a forma como Cícero usa a palavra para influenciar a própria construção das canções. A outra é o facto de partir da MPB para disparar em todas as direcções. Sábado não é nem melhor nem pior do que Canções de apartamento; é apenas diferente. E esta é uma diferença com a qual se pode viver bem nos próximos tempos.