Até que ponto é que se pode chamar novidade a uma banda que já leva uns cinco anitos a tocar a seu bel-prazer? Provavelmente até nenhum. Mais: ouvir os dreamweapon faz-nos querer que todas as bandas novatas já tenham passado pelo menos cinco anos a tocar. Só para que, ao primeiro EP (bootlegs e jams estao ali no Soundcloud), se faca ouvir a perfeicao. E por duas coisas, muito simples, que só revelam sabedoria e auto-conhecimento.

Primeiro, musicalmente. Quem já teve a sorte de os ver em palco, sabe que o quarteto do Porto não deixa nada ao acaso. Está lá a bateria certinha, oleada, sempre na altura certa; a voz diluída que é um quinto instrumento; o baixo bojudo e pujante que carrega a música às costa; duas guitarras a construir camada após camada, em puro banho acídico. Tudo no seu espaço, sem atropelos, sem pressas numa viagem que chegada ao fim, no palco e no disco, peca sempre por curta.

Segundo, a nível técnico. Tudo aqui foi testado, experimentado, fritado, tocado e retocado... E isso nota-se. A maralha de distorção, por exemplo, é perfeita, não incomoda e flui organicamente através da música (sendo Fall o melhor exemplo). Há um diálogo constante, cristalinamente preservado e reproduzido na produção e que soa como um concerto.

Terceiro, porque são pessoas do caralho. E se chegaram a este parágrafo por fruto do aborrecimento, deve chegar dizer que tem tanto de 10 000 Russos, Tren Go Sounsystem ou A Place To Bury Strangers. E, porque não, Dead Meadow.