DISCOS
Deafheaven
Sunbather
· 25 Jun 2013 · 10:22 ·
Deafheaven
Sunbather
2013
Deathwish Inc.


Sítios oficiais:
- Deafheaven
- Deathwish Inc.
Deafheaven
Sunbather
2013
Deathwish Inc.


Sítios oficiais:
- Deafheaven
- Deathwish Inc.
Pesos para o Verão.
Este texto era para ser acerca da banda que teve o azar de ser enfiada no saco da nova vaga de black metal norte-americano – classificada por vezes como metal para hipsters – e que agora lança um álbum distante de Liturgy, muito mais desenvolto do que Roads to Judah. Esse texto não valeria a pena. Nem escrever nem ler. A polémica dos novos nomes do black metal que despertaram a atenção de algum mainstream é, como se poderia dizer, pior do que cerveja quente.

Sunbather é um álbum do caralho. Haverá adjectivos mais apropriados e espampanantes, mas assim é-se mais eficaz. Não só é um álbum do caralho como é, mais importante do que isso, um álbum equilibrado com canções em si mesmas doseadas.

Roads to Judah deixou a sensação de que o segundo registo não iria correr bem. Era irregular e incerto. Os desempenhos da banda em palco deixavam (escrevo tendo por experiência um único concerto) algo a desejar. Sunbather é como se os Deafheaven tivessem passado do início da puberdade para a adolescência tardia, quase idade adulta. Aquele ponto ideal antes de as coisas se complicarem. Porque – reitero – é um trabalho equilibrado. É melódico sem ser meloso. É pesado sem ser preciso baixar o volume. É bonito onde precisa de ser bonito. Já o vi escrito algures: é o álbum de black metal para o Verão e não só por causa do título (a explicação dada para o nome é idiota e não vou reproduzi-la aqui).

Se no primeiro disco estavam dentro dos confins do género com incursões ocasionais pelo exterior, Sunbather introduz novos elementos e reposiciona a banda face a um estilo que é fácil de identificar à primeira escuta. Para que não haja mal-entendidos: Sunbather não é um álbum complexo. Também não é, ainda, um álbum completo, mas é um álbum do caralho.

O segundo disco de Deafheaven tem sete faixas, quatro canções a sério e três interlúdios. As quatro faixas de substância têm entre os nove e os 14 minutos. O equilíbrio a que me refiro está nelas próprias. Não é admissível rotular estas músicas como pós-metal, uma vez que não são bem crescendos ou picos. São harmoniosas. Sunbather está um passo adiante do black metal e alcança um estado de solidez que é difícil de encontrar dentro dos géneros mais pesados, onde os fios condutores não abundam. Em suma, um álbum do caralho que, sim, desafia classificações.
Tiago Dias
tdiasferreira@gmail.com
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