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OVO
Balada em Open
· 19 Dez 2003 · 08:00 ·
OVO
Balada em Open
2003
Ed. Autor


Sítios oficiais:
- OVO
OVO
Balada em Open
2003
Ed. Autor


Sítios oficiais:
- OVO
No início era o verbo, diz o ditado. No início, dizemos nós, nem eles próprios imaginavam o que se viria a seguir. A verdade é que do cruzamento de uma bailarina ex-Chapitô, um matemático e físico investigador, um estudante de sistemas decisionais e um estudante de relações internacionais nasceu um dos colectivos nacionais que mais tem dado que falar dentro da imprensa especializada. Mas a música, como será de perceber, sempre lá esteve. Escondida num recanto mal iluminado, esperançosa de uma brecha de luz, sempre persistente – e com mais quatro anos pelo meio na incubadora - chegou ao mundo exterior em 2002, com uma maqueta que desde logo elevou altas as expectativas.

Ferrugem a Atacar, em meados de 2003, foi o primeiro single de um tríptico com conclusão prevista já para inícios de 2004. Uma escrita inteligente, mostrando dois temas que tinham tanto de trip hop como de respeito pelas raízes contemporâneas da canção pop nacional escrita em português (ler Três Tristes Trigues, Rádio Macau ou Clã). Apoiado sobre um quarteto de quartos que se volta a fazer ouvir em Balada em Open, potenciando assim um som que se estende para além da mera linha voz-guitarra-bateria-baixo, os OVO apostam em músicas de trato fácil, que sem serem de um imediatismo cósmico deixam um travo de boa disposição passadas algumas audições. Quase sempre nonsense, sem contudo isso significar qualquer predilecção por ambientes virados para um eu fechado e egocêntrico. Muito pelo contrário.

Balada em Open, o segundo single, ameniza o ambiente. Os temas são de menor intensidade rítmica, deambulando por entre esferas serenas que pretendem mostrar uma outra face dos OVO. De resto, sugere uma ideia de continuidade que se demarca por conter um Prelúdio e uma Conclusão, sendo esta última instrumental e com estrutura rítmica assente nos pilares da valsa. O Prelúdio serve como ponte introdutória para o tema-título, e pode ser entendido como um certo encanto e dedicação da própria banda pela música, e os esforços que desenvolve em torno dela: “Quem só espera nunca alcança”, ouve-se a dada altura.

Um lançamento musicalmente certeiro no single que fechará este ciclo será sinónimo de um álbum de estreia bem preparado e certamente nutrido de elementos que o tornarão um dos pilares da nova música feita em Portugal. Resta, portanto, esperar.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
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