Uma banda com um nome como Pissed Jeans, poucas escolhas tem na vida. Das duas uma, ou usa o lado infantil do nome, e faz pop indie über-twee, ou escolhe o caminho da confrontação e agressividade mais conectados como géneros como o hardcore e o punk. Para nosso contentamento (o mundo não precisa de mais Pains Of Being Pure At Heart), Matt Korvette e os seus colegas escolheram a segunda opção, e neste seu terceiro álbum alcançam novos níveis de brilhantismo neste campo.

Falei em hardcore no parágrafo anterior. E de facto não é difícil colocar os Pissed Jeans neste campo, quer usemos o prefixo “pós” ou não. Um factor que, porventura, distinguirá os Pissed Jeans de outras bandas, é que ”Honeys” adopta claramente a perspectiva do trabalhador de colarinho branco. Desde o homem de gravata estendido no chão da capa, a músicas como “Cafeteria Food” ou “Health Plan”. Não se trata aqui de problemas adolescentes, apesar da presença de uma música chamada “Teenage Adult”. ”Honeys” é um verdadeiro tratado da malaise do homem adulto circa-2013. Não há como disfarçar sequer. Basta ver a primeira frase da primeira música – ”Bathroom laughter leads to kitchen crying”. Encontramos também músicas sobre perigos cibernéticos (“You’re Different (In Person) ), submissão (“Loubs”) ou aparências (“Vain In Costume”), entre outros factores que explicam porque tantos sentem, como diria Sérgio Godinho, uma raiva a crescer-lhes nos dentes.

Mas a que soa a música, perguntará quem teve a paciência de ler até agora. Pensem nos Jesus Lizard. Sobretudo no tom da voz de David Yow. Pensem na velocidade dos Big Black de ”Songs About Fucking. Pensem na fúria dos Fucked Up. Na sujidade dos Mudhoney. Pensem num baixo ultra-distorcido. Pensem numa bateria em sobressalto. Ou seja, punk/hardcore que não desmerece a presença no panteão dos Grandes nomes. Têm, desde já, os ingredientes perfeitos para formularem a ideia do que são os Pissed Jeans na vossa cabeça. ”Honeys” é o antídoto perfeito para quem está farto de hipsters “rockeiros” cuja afectação é igual ao volume. Ou simplesmente um estupendo disco de voz, guitarra, baixo e bateria pronto para detonar todos os vidros lá de casa.