Ao quarto disco, o mistério continua. O suspense continua por cá, a imprevisibilidade, a dúvida. A dúvida boa. Julian Lynch continua a oferecer deliciosas colecções de delícias essencialmente acústicas, algures entre o psicadelismo e a pop, a folk, a música experimental, as canções de quarto, a lo-fi e até o jazz. E tem sido um prazer receber as suas oferendas disco após disco.

Depois disto não resta dizer muito. Se calhar dizer que as canções de Julian Lynch são refrescantemente despretensiosas; inesperadamente complexas; libertadoras sem mais explicações. Entrar em Lines, como nos três discos que estão para trás, é embarcar numa viagem recompensadora e de falsa simplicidade. E perceber que não existe vontade de voltar atrás.

Lines é, apesar de impressionantemente orgânico, um disco construído tendo em atenção todos os pormenores. Julian Lynch é uma espécie de maestro que gere na perfeição todas as dinâmicas, todos os arranjos, todas as nuances. Esta partitura mostra o que vai na cabeça do norte-americano sem dar de mão beijada toda a informação. O mistério vai andar sempre por aqui. Assim seja.