Teria sido muito fácil Piramida cair dentro da sua própria armadilha. Teria sido muito natural que o quarto disco dos Efterklang se deixasse enfeitiçar pelo seu próprio feitiço. Não teria sido inédito se um disco como estes tivesse sido vítima do seu próprio conceito, da sua história, da ideia, dos seus objectivos. Teria sido mesmo muito fácil mas felizmente nada disso aconteceu.

Piramida, é sabido, resulta de investigações sonoras do trio dinamarquês numa cidade mineira abandonada na Rússia. Essas gravações são o princípio para a criação do disco mas, felizmente, nunca são mais importantes que as próprias canções. E Piramida está cheio de grandes canções - sofisticadas, apuradas até ao mais ínfimo detalhes, preciosas. Canções informadas, canções essenciais.

“Sedna” é apenas um desses felizes exemplos de canção acabada, construída com a atenção que dá apenas a determinadas coisas, delicada mas nunca frágil. “Dreams today” é apenas mais uma. São canções pop mas depois são muito mais do que isso. São o reflexo da condição humana – entre outras coisas. Teria sido fácil Piramida sucumbir à sua própria ambição, mas tal não aconteceu. E pelo caminho ainda conseguiu tornar-se no melhor disco dos Efterklang até à data.