Parecendo que não já lá vão vinte anos de Low. Durante todo este tempo, os Low não fizeram alterações de maior aos planos que já tinham para si mesmos. Vinte anos depois, continuam a oferecer as mesmas canções em forma de lamento, a mesma intensidade concentrada em pequenas coisas, o mesmo intimismo. Só aumentou o volume (por assim dizer). De resto, é a mesma casa, com as mesmas janelas, com a mesma porta, com o mesmo jardim.

Se em alguns casos ficar no mesmo sítio durante vinte anos é um suicídio, no caso dos Low é apenas uma questão de aperfeiçoamento contínuo. É certo que com o lançamento de The Great Destroyer em 2005, que coincidiu com a entrada na Sub Pop, os Low fizeram um ligeiro upgrade no som da banda (mais denso, mais complexo), mas o essencial ficou sempre lá. Até hoje. Até sempre, arriscamos.

Uma canção como “Plastic Cup” lembra em tudo a beleza pura dos primeiros dias dos Low. Reduzida ao essencial, esquelética, dura. Como se não tivesse passado tempo algum. Mas mesmo que uma outra como “On my own” mostre algum feedback bom num longo e surpreendente final (a fazer lembrar Neil Young com os seus Crazy Horse) sabe-se que é apenas e só como saída e escape de tamanha tensão, de tamanha beleza, de tamanha redenção. Venham mais vinte anos.