Os tempos em que Devendra Banhart debitava canções para um quatro pistas já vão longe. O mundo mudou 450 vezes desde 2002 e também Devendra mudou. Sobretudo a partir de Cripple Crow e, mais do que nunca, em Smokey Rolls Down Thunder Canyon. é verdade que não voltou a assinar um disco perfeito como Rejoicing in the Hands mas continuou a produzir música não raras vezes excitante e fresca. E já ninguém se lembra que Devendra foi o príncipe da freak-folk.

Mala é mais um argumento para apagar da memória a existência de Devendra Banhart enquanto líder escolhido – mas nunca assumido – da freak folk. É que o músico, deu para ver naquele concerto mítico na primeira edição do Festival Para Gente Sentada, tem outros amores para além da folk. Amores que vão desde o rock ao reggae, da música psicadélica ao exotismo trazido de quando em vez pela doçura da língua espanhola.

Mala é uma espécie de best-of de originais. É tudo aquilo que fez de Devendra Banhart um dos maiores escritores de canções da década passada. Está tudo lá dentro e condensado em pouco mais de 40 minutos: o humor, o amor, as canções enormes, a variedade estilística que Devendra soube conquistar e domar, a sensibilidade rara, o exotismo. Tudo o que faz de Devendra Banhart um criador essencial dos nossos tempos.