Como acontece tantas vezes na vida, às vezes é preciso dar um passo atrás para depois dar dois passos em frente. O que por vezes parece falta de coragem, é muitas vezes uma decisão democrática e informada de reunir forças para um avanço mais seguro. Jason Chung colocou pausa no arrojo estético por uns tempos, motivado pelos problemas de saúde ou simplesmente pela vontade de encontrar um local confortável e explorá-lo sem demasiadas pretensões.

Home é um disco cauteloso, caseiro. É-o no sentido em que não arrisca nem tão pouco acrescenta muito ao universo de Nosaj Thing. Mas porque esse não pode ser o único critério a contar, urge dizer que Home é um disco belissimamente resolvido. Naquele sentido em que é belo, rico e esclarecido na sua proposta, de um apuramento estético admirável. Um regalo para os ouvidos. E é de certa forma um universo paralelo no percurso de Nosaj Thing.

Mais próximo da IDM do que da electrónica mais exploratória, Home é um conjunto de canções perfeitas. Ainda que não haja palavras, ainda que não haja estrutura, ainda que não haja em todas as canções a voz de Kazu Makino (Blonde Redhead) como há em “Eclipse/Blue”. Pode não significar o avanço que se espera sempre de Jason Chung, mas é um exercício de maturidade de alguém que se pode dar à liberdade de fazer o que lhe vai na alma.