DISCOS
Godspeed You! Black Emperor
Allelujah! Don’t Bend! Ascend!
· 11 Dez 2012 · 23:03 ·
Godspeed You! Black Emperor
Allelujah! Don’t Bend! Ascend!
2012
Constellation / Popstock


Sítios oficiais:
- Godspeed You! Black Emperor
- Constellation
Godspeed You! Black Emperor
Allelujah! Don’t Bend! Ascend!
2012
Constellation / Popstock


Sítios oficiais:
- Godspeed You! Black Emperor
- Constellation
Sem partida nem chegada!
Velvet Underground! Neu! Sonic Youth! My Bloody Valentine! Godspeed You Black Emperor! SunnO)) (via Earth)! O caminho que ainda é ignorado na Pequena História da Música Popular. Conhecem-no bem. Aquele em que o disco era a “I Will Survive”, pop 60s resumia-se aos Beatles, Beach Boys e Rolling Stones, não se faz rock a sério desde os Guns N’Roses, e os U2 são a melhor banda do mundo. Convencimento? Algum. Mas quantos – eu incluído - não se fizeram felizes, ou mesmo músicos, por conhecerem esta história paralela? Quem a conhece nunca mais finge que ela não existe, nem volta a olhar para tudo o que ficou com os mesmos olhos.

Há 14 anos, “F#a#” mudou a vida de muita gente. Dois concertos em Portugal, no Paradise Garage e no Teatro S. Luís, estão entre os melhores da minha vida. E em 2012, após terem estado quase 10 anos parados, o colectivo de Montreal não regressa com um som particularmente modificado. Somente como aquilo que sempre foi. Imperial, violento, feroz, indomável, pungente. Como maestros de batuta na mão que controlam os rugidos e fúrias da natureza, do mar, dos ventos. Em apenas 4 temas, dois longos e dois curtos, os GYBE são sangue, oxigénio, adrenalina, plasma, ácido molecular tipo “Alien”. Como lá chegam, como o conseguem, talvez fosse um processo digno de se observar. Como é que cada um dos nove sabe o que fazer, quando entrar, quando saír. Nestas 4 músicas, observamos um processo digestivo, em que cada elemento que surge corre o risco de ser absorvido e/ou engolido pelo seguinte, numa dinâmica incessante.

Para quem contactar pela primeira vez com os GYBE, para além de dever ir comprar JÁ os outros 3 álbuns e 1 EP, o som deles pode descrever-se como um conjunto de guitarras, baixo, bateria, violinos e violoncelos que começa em cenários, aparentemente pouco povoados, mas que a pouco e pouco se vão enchendo com novos participantes, até um ponto alto de euforia. Ponto esse onde os riffs das guitarras são simuladores de voo fora de controle, a bateria minas aéreas que explodem à nossa passagem, e as cordas passageiros em histeria. Até chegar o momento de travar de repente. E então, é recomeçar o processo. Sabemos que tudo se vai passar assim, e assim é em “We Drift Like Worried Fire” e “Mladic”, as músicas longas. Mas também que cada vez sabe como a primeira. Como quando a nossa equipa marca os golos da vitória. Nunca importa quantas vezes o fazemos.

“Their Helicopters Sing” e “Strung Like Lights At Thee Printemps Erable”, as curtas, são luzes trémulas, qual armadilha de moscas em café ou restaurante. O alarme que talvez não nos faça levantar da cama, mas não tira a apreensão. São o enjoo pós-inebriação, que se “cura” com uma nova dose. Os GYBE acenderam as luzes da sala e viram que bastava limpar um bocadinho o pó para a pôr reluzente de novo. A História pedia-lhes isto!
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com
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