Josephine Foster percorreu um longo caminho desde There Are Eyes Above em 2000 e este Blood Rushing. Nesse caminho fez um pouco de tudo: alimentou a freak-folk que a viu nascer para o mundo, cantou canções em alemão a partir de composições de Brahms e Schubert e até explorou o rock psicadélico em All The Leaves Are Gone.

Mas o que tingiu para sempre a música de Josephine Foster foi a sua mudança para o sul de Espanha, onde vive actualmente com o seu marido, Victor Herrero. “Panorama Wide” é disso um bom exemplo: a voz é a mesma, os alicerce são os de sempre, mas a cor é outra. Blood Rushing tem uma luminosidade que não se manifestou nunca tão intensamente em nenhum outro disco da norte-americana.

Pode parecer um lugar comum, mas Blood Rushing resume realmente uma boa parte do percurso de Josephine Foster, se esquecermos a bizarria de A Wolf in Sheep's Clothing. Mas não faz só isso: para além de confirmar o encanto da sua voz (e aqui voltamos a trazer “Panorama Wide” para o barulho) e chama a atenção para a importância e volume da sua discografia. É que depois de nove discos, Josephine Foster está cada vez mais longe de ser a princesa da freak-folk e mais perto de ser uma das rainhas da folk (sem prefixos) dos nossos tempos.