Poderiam ser igual a todas as outras bandas indie que andaram a ouvir Smiths, surf rock e o catálogo inteiro da Sarah Records antes de decidirem pegar em guitarras e tocar umas coisas, mas os Seapony, em dois discos, decidiram equilibrar-se na linha ténue que separa o plágio descarado da influência e homenagem. Falling é o segundo trabalho da banda de Seattle, um disco onde os instrumentos soam tão delicados que quase se diria que os Seapony receiam danificar de algum modo as canções que deles vão saindo; junte-se isto ao sussurro de Jen Weidl e eis algo para se acompanhar durante os próximos anos.

A temática é a do costume - o amor, a amizade, a sensação transmitida pelo solinho que bate na cara num dia fresco de outono - sem que daí advenha mal algum. Não se espere literatura de uma banda como os Seapony (na verdade, não se espere literatura de uma banda que seja), apenas doze canções em formato rebuçado, tão gostosas que as engolimos uma a seguir à outra e, estranhamente, acabamos o dia sem dores de barriga. Assim é a fofura dos norte-americanos: um vício enorme, sem que "vício" possua qualquer conotação negativa.

Sendo verdade que em "Outside", "What You Wanted" e "Prove To Me" há ali algum fuzz a colocar algum carbono no sumo, os Seapony ouvem-se melhores quando dão asas a toda a sua delicadeza: "Follow", "Sunlight" e "Fall Apart" são disso exemplo, bem como "Be Alone", ponto alto de um disco prenhe deles, melodia jangly para aquecer corações. Quanto mais se ouve mais se conclui que Falling, como um gatinho, trepará pelas árvores de 2012 para se aninhar junto dos restantes "discos do ano". Sem parecer querê-lo. Mas a modéstia é uma grande virtude.