DISCOS
Flying Lotus
Until the Quiet Comes
· 11 Out 2012 · 10:28 ·

Flying Lotus
Until the Quiet Comes
2012
Warp Records
Sítios oficiais:
- Flying Lotus
- Warp Records
Until the Quiet Comes
2012
Warp Records
Sítios oficiais:
- Flying Lotus
- Warp Records

Flying Lotus
Until the Quiet Comes
2012
Warp Records
Sítios oficiais:
- Flying Lotus
- Warp Records
Until the Quiet Comes
2012
Warp Records
Sítios oficiais:
- Flying Lotus
- Warp Records
Nutrição rítmica, melódica e espiritual para o cérebro
Escutámos algumas das faixas do novo disco de Flying Lotus (Steven Ellison) em Junho passado, no Sónar 2012, na sessão de encerramento do “showcase” da Brainfeeder: a editora gerida por Ellison apresentou-se em boa forma através das actuações de Kutmah (gira-discagem), Lapalux (Stuart Howard a preparar o terreno para um primeiro LP), Jeremiah Jae (talento emergente muito acarinhado por Ellison) e Thundercat (veterano com muito “groove” nas linhas de baixo). Faltaram The Gaslamp Killer, Teebs, Samiyam, Martyn, Austin Peralta, entre outros, tão só comprovando o vasto poder de fogo da Brainfeeder.
Dessa primeira audição resultou uma ideia algo difusa, na medida em que Ellison fez questão de diluir tudo em breves fragmentos, entrecortados por efeitos de improviso ao vivo e outras faixas de discos anteriores (ou discos imaginários, porque no universo quântico de Flying Lotus nada se perde, tudo se transforma). Escassos meses mais tarde ainda conseguimos distinguir uns quantos apontamentos melódicos, quebras rítmicas e partículas electrónicas desses fragmentos (sob o Sol abrasador de Barcelona) nas faixas propriamente escutadas de ”Until the Quiet Comes (Warp Records, 2012), o quarto LP de Flying Lotus.
As surpresas, contudo, sucedem-se a um ritmo impressionante, faixa após faixa, num disco de difícil digestão que vai exigir tempo e espaço para que não nos quedemos na infame sinédoque de tomar a parte pelo todo, e vice-versa. Tal como aconteceu relativamente aos discos anteriores, desde logo Cosmogramma (Warp Records, 2010), que só depois de muitas audições é que se revelou, enfim, na máxima plenitude de uma obra pautada pelas coordenadas cosmológicas do “spiritual jazz” de Alice Coltrane (tia-avó de Ellison).
Until the Quiet Comes aponta no mesmo sentido (atente-se na súmula “DMT Song”, com o baixo de Thundercat), mas na maior parte das faixas envereda por outros caminhos, explorando diversas geometrias sonoras, retomando narrativas que tinham ficado suspensas em ”Los Angeles” (Warp Records, 2008) ou ”1983” (Plug Research, 2006), deambulando por entre os vértices da bass music, electrónica de fusão, glitch, downtempo, leftfield, footwork, ao que se acrescem os pózinhos nu-soul da colaboração com Erykah Badu (também há Thom Yorke mas quase não se dá por ele). Em disco como nos palcos, Ellison faz aquilo que lhe apetece e, quase sempre, diverte-se mais do que os ouvintes. Pressente-se que quer conquistar o mundo, só não descobriu (ainda) a melhor farsa para o fazer.
Gustavo SampaioDessa primeira audição resultou uma ideia algo difusa, na medida em que Ellison fez questão de diluir tudo em breves fragmentos, entrecortados por efeitos de improviso ao vivo e outras faixas de discos anteriores (ou discos imaginários, porque no universo quântico de Flying Lotus nada se perde, tudo se transforma). Escassos meses mais tarde ainda conseguimos distinguir uns quantos apontamentos melódicos, quebras rítmicas e partículas electrónicas desses fragmentos (sob o Sol abrasador de Barcelona) nas faixas propriamente escutadas de ”Until the Quiet Comes (Warp Records, 2012), o quarto LP de Flying Lotus.
As surpresas, contudo, sucedem-se a um ritmo impressionante, faixa após faixa, num disco de difícil digestão que vai exigir tempo e espaço para que não nos quedemos na infame sinédoque de tomar a parte pelo todo, e vice-versa. Tal como aconteceu relativamente aos discos anteriores, desde logo Cosmogramma (Warp Records, 2010), que só depois de muitas audições é que se revelou, enfim, na máxima plenitude de uma obra pautada pelas coordenadas cosmológicas do “spiritual jazz” de Alice Coltrane (tia-avó de Ellison).
Until the Quiet Comes aponta no mesmo sentido (atente-se na súmula “DMT Song”, com o baixo de Thundercat), mas na maior parte das faixas envereda por outros caminhos, explorando diversas geometrias sonoras, retomando narrativas que tinham ficado suspensas em ”Los Angeles” (Warp Records, 2008) ou ”1983” (Plug Research, 2006), deambulando por entre os vértices da bass music, electrónica de fusão, glitch, downtempo, leftfield, footwork, ao que se acrescem os pózinhos nu-soul da colaboração com Erykah Badu (também há Thom Yorke mas quase não se dá por ele). Em disco como nos palcos, Ellison faz aquilo que lhe apetece e, quase sempre, diverte-se mais do que os ouvintes. Pressente-se que quer conquistar o mundo, só não descobriu (ainda) a melhor farsa para o fazer.
gsampaio@hotmail.com
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