DISCOS
Pão
Pão
· 25 Jun 2012 · 13:52 ·
Pão
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2012
Shhpuma
Sítios oficiais:
- Shhpuma
Pão
2012
Shhpuma
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Pão
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2012
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2012
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Pão, pão, queijo, queijo.
Não será segredo nenhum que por aqui gostamos muito de trocadilhos. Assim sendo, quando nos surge a oportunidade, servida numa bandeja de prata (ou numa rodela de acrÃlico) para tentar mais uma piada/analogia absurda, é óbvio que a aproveitaremos. Deste modo, o trio Pão - composto por Pedro Sousa no saxofone tenor, Tiago Sousa em teclados, harmónio e percussão, e Travassos em electrónica analógica - apresenta-nos no seu disco homónimo uma massa que vai fermentando e cozendo à medida que os temas fluem, e que termina numa calorosa e saborosa carcaça.
Vamos lá então explicar: partindo de uma abordagem experimental, a música do trio consiste sobretudo em longos momentos drone, sobre o qual o saxofone de Sousa vai impedindo que este se torne demasiado aborrecido ou sensaborão, e a percussão e electrónicas ambientais, o sal, lhe conferem um certo estatuto xamânico; aqui encontramos sobretudo música de transe, onde o objectivo é, mais do que ouvir, mergulhar nas paisagens, aterradoras por vezes, que são aqui erguidas - ou arrancadas - do lado desconhecido, da aleatoriedade aliada à improvisação.
Com isto, "Gods Wait Do Delight In You" é o momento em que a massa é colocada no forno, e ouvimos o fogo, o saxofone e a electrónica, a crepitar baixinho; "Dyson Tree" polvilha-a com os condimentos necessários, os primeiros momentos em que o harmónio e a percussão tomam lugares de destaque; e "It Was All Downhill After The Sling" é o final do processo, em que o volume - da massa e da música - aumenta exponencialmente e somos brindados com paredes de ruÃdo e tensão naquele que é o melhor momento de Pão (somos, contudo, suspeitos: temos uma paixão demasiado elevada por este tipo de agressões sonoras). Um disco de estreia que não é, contudo, para qualquer gastrónomo. Os Bourdains adorarão, os Ramsays talvez prefiram algo menos exótico. Mas o que é a vida sem exotismo?
Paulo CecÃlioVamos lá então explicar: partindo de uma abordagem experimental, a música do trio consiste sobretudo em longos momentos drone, sobre o qual o saxofone de Sousa vai impedindo que este se torne demasiado aborrecido ou sensaborão, e a percussão e electrónicas ambientais, o sal, lhe conferem um certo estatuto xamânico; aqui encontramos sobretudo música de transe, onde o objectivo é, mais do que ouvir, mergulhar nas paisagens, aterradoras por vezes, que são aqui erguidas - ou arrancadas - do lado desconhecido, da aleatoriedade aliada à improvisação.
Com isto, "Gods Wait Do Delight In You" é o momento em que a massa é colocada no forno, e ouvimos o fogo, o saxofone e a electrónica, a crepitar baixinho; "Dyson Tree" polvilha-a com os condimentos necessários, os primeiros momentos em que o harmónio e a percussão tomam lugares de destaque; e "It Was All Downhill After The Sling" é o final do processo, em que o volume - da massa e da música - aumenta exponencialmente e somos brindados com paredes de ruÃdo e tensão naquele que é o melhor momento de Pão (somos, contudo, suspeitos: temos uma paixão demasiado elevada por este tipo de agressões sonoras). Um disco de estreia que não é, contudo, para qualquer gastrónomo. Os Bourdains adorarão, os Ramsays talvez prefiram algo menos exótico. Mas o que é a vida sem exotismo?
pauloandrececilio@gmail.com
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