N'A Balada Do Coiote cabe tudo: pop, rock, pós-punk, westerns, santos populares, os anos noventa garageiros e, acima de tudo, boas canções. O segundo disco dos TV Rural, cinco anos depois da estreia com Filomena Grita!, mostra-nos uma banda que, antes de decidir percorrer os caminhos em torno da aldeia onde habitam, deixaram para trás de si um trilho de pequenas pedras coloridas para que se nunca perdessem - ou seja, pop/rock, mas bem português na sua matriz.

Prenhe de boas canções onde a palavra é importante, sim, ou não fosse esta a nossa língua, o lado mais positivo desta Balada é mesmo a música: ora o ritmo marcial e o saxofone que encontramos em "Dá-me Dor", o imaginário popular de "Faz-te Um Homem" (à atenção de quem for celebrar os Santos - merece, como um cântico de bola, ser entoada na rua no meio do clima de festa), a secção de metais e a flauta deliciosamente bossa de "Bruxas", num momento mais virado para o prog, e a guitarra gingona que se ouve um pouco por toda a parte.

Existem falhas, claro - "Morde-me", por exemplo, prende-se numa certa ideia de gótico que a torna demasiado obnóxia. Mas o resultado final é mais do que aceitável, e permite à banda entrar no grupo de artistas nacionais que editaram belos discos em 2012 (e que grupo extenso que, felizmente, tem sido!). Até pela barreira da língua, não nos soa a um disco passível de ser exportado, como outros que desse grupo fazem parte, mas a maior ambição dos TV Rural, parece-nos, é fazer o melhor possível no seu estilo próprio. Para já estão a consegui-lo: A Balada Do Coiote é viciante.