DISCOS
Éme
Gancia
· 13 Jun 2012 · 12:17 ·

Éme
Gancia
2012
Cafetra Records
Sítios oficiais:
- Éme
- Cafetra Records
Gancia
2012
Cafetra Records
Sítios oficiais:
- Éme
- Cafetra Records

Éme
Gancia
2012
Cafetra Records
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- Éme
- Cafetra Records
Gancia
2012
Cafetra Records
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- Éme
- Cafetra Records
Não há mal em ser foleiro.
Pá, vamos lá esclarecer uma coisa: ninguém quer saber da Cafetra para nada. Foi tudo uma piada, uma conspiração, um trolling à escala real que nós, o pessoal que escreve para sites que ninguém lê e jornais e blogues e o caralho organizou só para irritar as cabecinhas de muitos que para aí andam com a cabeça enfiada no olho do cu. Sim, fizemos uma merda tipo Andy Kaufman ou Joaquin Phoenix ou lá que chachada cómica pós-moderna esteja na moda, passámos horas e horas a entupir os ouvidos com os discos destes putos só para sabermos por onde pegar - admitimos, é tudo uma merda, nem para a fogueira servem, era enfiá-los a todos numa vala como se faz ao lixo tóxico e esquecermo-nos de que alguma vez existiram -, divertimo-nos imenso a empolá-los e a gerar hype para depois podermos dizer que somos todos uns fideputas iluminados e trend-makers . Mas a piada agora acabou. Já não temos paciência. Desculpem lá qualquer coisinha.
Isto é provavelmente o que muita gente espera que seja dito, um dia. Lamentamos: não é hoje. Nem amanhã, nem nunca. Não enquanto a Cafetra, a Tribo de Judá, e o João Marcelo, o Leão da Tribo de Judá (por via da barba que lhe cobre a cara), continuarem a escrever canções e discos assim. E enquanto essa gente chora e insulta e argumenta e faz birra porque a banda n da terra x devia ter sido a capa do suplemento y ou como podes falar mal da banda m quando gostas da Cafetra e semelhantes, nós preferimos concentrar-nos em verdades que são para nós insofismáveis: estes putos merecem tudo. E não, eles não nos estão a pagar para que digamos isto. Nós dizemo-lo porque acreditamos nesta música, não importa o quão "amadora" ou "infantil" ou "nqs" seja.
Gancia é, claro um trocadilho com "elegância", ou, neste caso, "émegância". É um bom trocadilho, e vai de encontro à verdade - o Éme é, pelo género de música que faz a solo, o tipo mais elegante do grupo, ou pelo menos aquele que, por via do ar pacato [inserir referência a ursos aqui], menos imaginamos a acabar nos calabouços da PJ -, mas as canções são melhores. Como "Adormecer", que já conhecíamos dos concertos ao vivo e que abre o disco numa bonita toada folk-pop, género-fantasma que pairará um pouco por todo o LP excepto nos momentos em que arrisca um pouco mais de fuzz, como em "35-98" ou "Parque".
O destaque tem de ir, contudo, para os teclados presentes na maravilhosa "Fetra", verdadeiro hino kitsch para animar o resto da década. (Reparem que não se escreveu "do ano".) Porque é simultaneamente e paradoxalmente a razão e a prova de que o devemos levar, e aos outros, a sério e a brincar. Porque é deliciosamente foleira, mas ao mesmo tempo muitíssimo bem construída. Porque se cola ao ouvido e damos por nós a cantarolar cada verso, os mesmos que aqui deixamos em jeito de conclusão: não há mal em ser foleiro / se já o foi o mundo inteiro. Isto é estultamente pueril. É igualmente estupidamente verdade. É o mantra pelo qual se rege a Cafetra e, por arrasto, o pessoal que gosta genuinamente do que eles fazem. E isso basta-nos. De trombudos saídos do conservatório ou moldados pela ideia indie-Pitchfork está o planeta cheio.
Paulo CecílioIsto é provavelmente o que muita gente espera que seja dito, um dia. Lamentamos: não é hoje. Nem amanhã, nem nunca. Não enquanto a Cafetra, a Tribo de Judá, e o João Marcelo, o Leão da Tribo de Judá (por via da barba que lhe cobre a cara), continuarem a escrever canções e discos assim. E enquanto essa gente chora e insulta e argumenta e faz birra porque a banda n da terra x devia ter sido a capa do suplemento y ou como podes falar mal da banda m quando gostas da Cafetra e semelhantes, nós preferimos concentrar-nos em verdades que são para nós insofismáveis: estes putos merecem tudo. E não, eles não nos estão a pagar para que digamos isto. Nós dizemo-lo porque acreditamos nesta música, não importa o quão "amadora" ou "infantil" ou "nqs" seja.
Gancia é, claro um trocadilho com "elegância", ou, neste caso, "émegância". É um bom trocadilho, e vai de encontro à verdade - o Éme é, pelo género de música que faz a solo, o tipo mais elegante do grupo, ou pelo menos aquele que, por via do ar pacato [inserir referência a ursos aqui], menos imaginamos a acabar nos calabouços da PJ -, mas as canções são melhores. Como "Adormecer", que já conhecíamos dos concertos ao vivo e que abre o disco numa bonita toada folk-pop, género-fantasma que pairará um pouco por todo o LP excepto nos momentos em que arrisca um pouco mais de fuzz, como em "35-98" ou "Parque".
O destaque tem de ir, contudo, para os teclados presentes na maravilhosa "Fetra", verdadeiro hino kitsch para animar o resto da década. (Reparem que não se escreveu "do ano".) Porque é simultaneamente e paradoxalmente a razão e a prova de que o devemos levar, e aos outros, a sério e a brincar. Porque é deliciosamente foleira, mas ao mesmo tempo muitíssimo bem construída. Porque se cola ao ouvido e damos por nós a cantarolar cada verso, os mesmos que aqui deixamos em jeito de conclusão: não há mal em ser foleiro / se já o foi o mundo inteiro. Isto é estultamente pueril. É igualmente estupidamente verdade. É o mantra pelo qual se rege a Cafetra e, por arrasto, o pessoal que gosta genuinamente do que eles fazem. E isso basta-nos. De trombudos saídos do conservatório ou moldados pela ideia indie-Pitchfork está o planeta cheio.
pauloandrececilio@gmail.com
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