DISCOS
Cymbals Eat Guitars
Lenses Alien
· 07 Out 2011 · 00:43 ·
Cymbals Eat Guitars
Lenses Alien
2011
Barsuk / Popstock


Sítios oficiais:
- Cymbals Eat Guitars
- Barsuk
Cymbals Eat Guitars
Lenses Alien
2011
Barsuk / Popstock


Sítios oficiais:
- Cymbals Eat Guitars
- Barsuk
Como montar um puzzle indie que nunca forma uma imagem linear! Só para aficionados dos 2 aos 99 anos!
Se entendermos, caso tal seja possível nos dias de hoje, a expressão “indie-pop/rock” como uma música feita à base de melodias, versos e refrões, com mais ou menos guitarras, que não parece ser feita para estádios (não sei o que fazer com os Arcade Fire), torna-se natural procurar aquelas bandas que se distinguem claramente da maralha. Isto, claro, a não ser que se seja um chato de primeira, daqueles da “guitarra-über-alles”, que engole todos os Kooks e Yucks desta vida. Assim, os Yeah Yeah Yeahs são excelentes, os TV On The Radio são excelentes, os Sleigh Bells são excelentes, os Gang Gang Dance, e por aí fora. Os Cymbals Eat Guitars não o são, mas também não são propriamente uma banda para ficar por aí esquecida.

O segredo para esta dicotomia reside no facto de os Cymbals Eat Guitars nunca viajarem do Ponto A ao Ponto B de forma linear. A primeira melodia antes do refrão não se repete ao segundo verso, e mesmo o refrão pode não se voltar a repetir. Acontece, no entanto, que nenhum desses pedaços de terreno que a banda percorre seja propriamente estarrecedor na sua criatividade ou intensidade. Os antecedentes desta banda não são difíceis de determinar. Temos os Pavement de Slanted And Enchanted nalguns dos agudos vocais de Joseph D’Agostino, os Built To Spill nos sons da guitarra e na estrutura das canções, uma pitada do desconsolo do eixo Sebadoh/Folk Implosion, a angulosidade dos Modest Mouse, e por aí fora.

O melhor de Lenses Alien está guardado logo para o princípio. “Rifle Eyesight (Proper Name)” tem tudo o que atrás se disse de positivo, e inclui uma parte repleta de feedback que, findo o disco, nos faz desejar que este caminho fosse mais vezes seguido pela banda. D´Agostino gosta que a sua guitarra faça barulho. Não é difícil imaginá-lo rodeado de pedais de efeitos em concerto, e a querer arrancar as cordas. Matthew Miller gosta de bater forte nos tom toms. Ouvimos os efeitos esperados: fogo a crepitar no céu, vidro a ponto de estilhaçar, quase sempre eléctrico, nunca reduzido ao quiet/loud, sendo mais linear/angular a diferença que se estabelece.

Está tudo muito certo, não está? Depois são pormenores que compõem o quadro. As harmonias de “Definite Darkness”, o quase crooning no mansinho single “Another Tunguska”, o rock de meio de tarde de festival de “Wavelengths”, os toques country de “Secret Family”. No fim, pode-se pensar que o mundo não sentiria falta dos Cymbals Eat Guitars se ninguém os inventasse. Mas também não há como negar a sua competência naquilo que fazem. No fundo, no fundo, o que irão achar deste disco dependerá da vossa disponibilidade e tolerância para aquilo que ele oferece.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com
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